Energia Limpa no Brasil: O Boom das Renováveis e o Desafio da Confiabilidade
Energia renovável: sucesso com desafios no Brasil

O Brasil está vivendo um momento histórico na sua matriz energética - e olha, isso é mais complexo do que parece à primeira vista. Enquanto as manchetes celebram o crescimento espetacular das fontes renováveis, existe um desafio silencioso que preocupa especialistas: será que conseguimos confiar nessa energia?

Nos últimos anos, a participação das renováveis na matriz elétrica brasileira deu um salto impressionante. De 2022 para cá, a capacidade instalada cresceu nada menos que 16,5%. Isso significa que hoje temos mais de 217 gigawatts à disposição, com as fontes limpas representando quase 90% desse total. Um número que, convenhamos, é para deixar qualquer país do mundo com inveja.

O Lado B do Sucesso

Mas calma lá que a história tem seus percalços. O problema é que sol e vento são, digamos, um tanto temperamentais. Não dá para marcar hora com eles. E é aí que mora o perigo - quando a natureza decide tirar uma soneca, o sistema inteiro pode sentir o baque.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anda com as antenas ligadas. Eles precisam garantir que, mesmo quando as renováveis derem uma falhada, tenhamos um plano B robusto. E adivinha só qual é o trunfo na manga? As usinas termelétricas, aquelas mesmas que todo mundo critica, mas que salvam o país nos momentos de aperto.

O Dilema das Termelétricas

Aqui está o paradoxo que tira o sono de muitos especialistas: como reduzir a dependência das termelétricas - caras e poluentes - sem colocar em risco a segurança energética do país? É tipo querer emagrecer mas manter o chocolate na gaveta para emergências.

O relatório mais recente do ONS mostra que a geração térmica ainda representa cerca de 13% do total. Parece pouco, mas é justamente essa fatia que evita apagões quando as renováveis decidem fazer greve.

O Que Esperar do Futuro?

Os próximos anos prometem ser decisivos. Até 2028, a previsão é que entrem em operação mais 36 GW de projetos renováveis. Só de eólica e solar, são 26,5 GW a caminho. Números que fazem a gente pensar: será que estamos construindo a casa começando pelo telhado?

Alguns especialistas defendem que precisamos diversificar ainda mais. Biomassa, PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e, quem diria, até o hidrogênio verde entram na conversa como possíveis coadjuvantes nesse drama energético.

O fato é que o Brasil está diante de uma encruzilhada histórica. De um lado, a pressão global pela descarbonização. Do outro, a necessidade premente de não repetir os fantasmas do apagão de 2001. E no meio disso tudo, uma pergunta que não quer calar: como equilibrar essa equação sem deixar o consumidor na mão - ou com a conta nas alturas?

Uma coisa é certa: o caminho das renováveis é irreversível. Mas precisamos pisar no freio da euforia e olhar com mais cuidado para a estrada à frente. Porque de nada adianta ter a matriz mais verde do mundo se não conseguirmos garantir que as luzes permaneçam acesas.