
É um daqueles paradoxos que dão nó no cérebro. O Brasil, essa imensidão verde e azul, dono de uma riqueza natural que faz outros países salivarem de inveja, parece nadar de braçada contra a maré quando o assunto é transformar potencial em realidade. A verdade dói, mas precisa ser dita: somos um país rico demais para sermos tão pobres em aproveitar nossas próprias vantagens.
Quem joga uma luz crua sobre essa contradição é ninguém menos que um representante do BNDES, o banco que praticamente respira desenvolvimento. Em uma daquelas conversas que deveriam estar estampadas em todos os jornais, ele solta a bomba: temos abundância natural de sobra, mas o custo para explorar tudo isso é simplesmente estratosférico. Não é pouco, não é alto — é proibitivo.
O Preço do Dinheiro Que Travou o Progresso
Pensa comigo: como um país que tem sol para todo mundo, ventos que não param de soprar, rios que correm como se não houvesse amanhã e até reservas gigantescas de óleo e gás pode estar patinando na hora de virar essa chave? A resposta, meu caro, está no bolso. O custo do capital no setor de energia brasileiro está entre os mais caros do planeta. Sim, você leu direito.
Enquanto outros países conseguem financiar seus projetos com juros que não assustam os investidores, aqui a conta não fecha. Os números não mentem — e eles são eloqüentes na sua crueza. Desenvolver projetos de energia, sejam eles solares, eólicos ou até mesmo os tradicionais, custa os olhos da cara. E quando o dinheiro é caro, a inovação fica engavetada, os projetos encolhem e o futuro adia.
Um BNDES Mais Esperto Na Mesa
Mas nem tudo são trevas. O banco, que já foi visto como um monstro burocrático, parece estar acordando para a realidade. A nova postura? Menos empréstimos diretos e mais inteligência financeira. A ideia é criar instrumentos que reduzam o risco percebido pelos investidores — porque, convenhamos, ninguém coloca dinheiro onde só vê perigo.
Eles estão falando em garantias, em mecanismos de seguro, em estruturas que tornem o jogo menos arriscado. É uma mudança de mentalidade e tanto. Em vez de ser apenas o cofre, o BNDES quer ser o arquiteto de soluções. Parece óbvio, mas você sabe como é — no Brasil, o óbvio sempre precisa ser redescoberto.
O Que Isso Significa Para o Brasil Real?
No dia a dia, essa conta não fecha para ninguém. O custo alto do capital se transforma em conta de luz mais cara, em indústrias que pensam duas vezes antes de se expandir, em empregos que deixam de ser criados. É um efeito dominó silencioso, mas devastador.
E o pior é que estamos falando de recursos que são nossos por direito. O vento é nosso, o sol é nosso, a água é nossa. Mas a capacidade de transformar isso em prosperidade? Essa parece que ainda está no papel, esperando por condições menos hostis.
Agora me responda: não é frustrante saber que temos todas as cartas na mão, mas o jogo segue difícil? O Brasil precisa urgentemente resolver essa equação maluca — porque riqueza natural sem capital inteligente é como um carro sem gasolina. Tem potencial, mas não sai do lugar.