
Quem acordou cedo em São Paulo nesta terça-feira (22) teve a sensação de estar dentro de um daqueles filmes de suspense — a cidade simplesmente sumiu. Um manto branco e denso engoliu prédios, avenidas e até o icônico horizonte da Paulista, deixando tudo com um ar meio fantasmagórico, sabe?
E não foi coisa de cinco minutos não. Das 5h até quase as 9h, os termômetros marcaram míseros 12°C (sim, em pleno inverno paulistano), com umidade relativa do ar batendo nos 95%. Até o pessoal do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) ficou de queixo caído com a intensidade do fenômeno.
Não é só "frescura" do tempo
Enquanto uns postavam fotos poéticas no Instagram, os meteorologistas fazem cara feia. "Isso aqui é só a ponta do iceberg", solta o climatologista Carlos Nobre, num trocadilho não intencional. Segundo ele, esses eventos extremos — calorão infernal em junho, frio polar em setembro, e agora neblina digna de Londres — são o retrato de um clima em colapso.
Dados do INPE mostram que:
- Os episódios de nevoeiro intenso aumentaram 40% na última década
- A temperatura média na capital subiu 2,3°C desde os anos 2000
- Até 2030, poderemos ter "verões" de 45°C seguidos de geadas
E olha que coisa: os bairros mais afetados foram justamente os mais pobres, como Grajaú e Brasilândia. "Aqui virou uma geladeira, e a umidade piora minha asma", reclama Dona Maria, 68 anos, enquanto espera o ônibus atrasado — porque, claro, o trânsito ficou um caos.
Efeito dominó no cotidiano
Nas ruas, foi pura adaptação na marra:
- Mais de 50 voos atrasados ou desviados em Congonhas e Guarulhos
- Acidentes de trânsito triplicaram na marginal Tietê
- Delivery de café quente virou artigo de luxo nos escritórios
"Parecia que tínhamos voltado à era do home office", brinca o motoboy Ricardo, que levou quase 2 horas pra fazer um trajeto de 20 minutos. Já os hospitais registraram aumento de 30% nas crises alérgicas — e adivinha? Os remédios pra sinusite sumiram das farmácias.
Enquanto isso, nas redes sociais, a polarização: de um lado, os "ah, mas sempre teve neblina"; do outro, os "é o fim dos tempos". A verdade? Provavelmente está no meio — mas com tendência a piorar, se nada for feito.