
Imagine viver sob a sombra de uma dúvida por 13 longos anos. É exatamente essa a realidade de moradores da zona rural de Piedade, no interior de São Paulo, onde um projeto de pedreira — sim, aquele tipo de coisa que explode montanhas — virou um pesadelo sem fim.
O que está pegando?
Desde 2012, quando a ideia surgiu pela primeira vez, a população local vive num vai-e-vem de expectativas. De um lado, a promessa de empregos e desenvolvimento econômico. Do outro, o medo concreto de ver seu pedaço de paz rural virar pó — literalmente.
"A gente fica nesse limbo", desabafa Maria dos Santos, agricultora que cultiva hortaliças há 20 anos na região. "Não sabe se planta, se investe, ou se arruma as malas."
O jogo burocrático
Enquanto isso, a prefeitura e órgãos ambientais jogam uma partida interminável de pingue-pongue com documentos. Licenças que vencem antes mesmo de serem analisadas, estudos que "precisam ser complementados", reuniões que terminam sem conclusão.
- 2015: Primeiro licenciamento ambiental solicitado
- 2018: Estudo de impacto questionado pelo Ministério Público
- 2021: Nova rodada de audiências públicas
- 2025: E aí? Continua tudo na mesma...
Não é difícil entender a frustração geral. Afinal, como diz o ditado, "obra parada é obra abandonada" — só que neste caso, nem começou direito.
O outro lado da moeda
A empresa responsável pelo projeto — que prefere não se identificar — alega ter cumprido todos os requisitos técnicos. "Estamos há anos investindo em estudos e adaptações", diz um representante que pediu anonimato. "O prejuízo já passa dos R$ 15 milhões."
Mas será que dinheiro paga o custo emocional de uma comunidade inteira? Difícil responder. O certo é que, enquanto a papelada roda em gabinetes climatizados, famílias inteiras vivem num suspense que já deveria ter tido seu último capítulo.
E você, o que acha? Progresso a qualquer custo, ou preservação acima de tudo? No meio dessa briga, Piedade — ironicamente — continua precisando exatamente disso: de um pouco mais de piedade.