Enquanto muitos países ainda lutam para encontrar soluções eficientes para o descarte de embalagens de defensivos agrícolas, o Brasil se tornou um caso de sucesso mundial. O sistema nacional de logística reversa já processou impressionantes 730 mil toneladas de embalagens vazias desde sua implementação, transformando um potencial problema ambiental em exemplo de economia circular.
Os Números que Impressionam o Mundo
Os dados de 2024 revelam a dimensão desse achievement brasileiro: 94% das embalagens primárias comercializadas foram devolvidas pelos agricultores. Desse total, uma taxa extraordinária de 96% foi reciclada, dando novo ciclo de vida aos materiais que antes poluiriam o meio ambiente.
"Temos o maior índice de destinação ambientalmente correta do planeta", afirma João Cesar M. Rando, diretor-presidente do inpEV, o instituto que coordena o sistema. "Países como Canadá, França e Alemanha nos procuram para entender como alcançamos esses resultados."
O Segredo do Sucesso Brasileiro
O modelo que catapultou o Brasil ao topo global baseia-se em três pilares fundamentais:
- Responsabilidade compartilhada: Todos os elos da cadeia - fabricantes, canais de distribuição e agricultores - têm obrigações definidas por lei
- Infraestrutura robusta: Uma rede de 450 centrais de recebimento espalhadas por todo o território nacional
- Compromisso do produtor: O agricultor brasileiro abraçou a causa, tornando-se protagonista desse ciclo virtuoso
Da Lavoura à Indústria: A Jornada das Embalagens
O processo é meticulosoamente organizado. Após a utilização dos defensivos, o produtor rural realiza a tríplice lavagem das embalagens e as armazena adequadamente. Em seguida, direciona o material para uma das centrais de recebimento, onde inicia-se sua transformação.
"As embalagens seguem para recicladoras credenciadas e se tornam matéria-prima para diversos produtos, desde novas embalagens até tubos para construção civil", explica Rando.
Referência Internacional em Sustentabilidade
O reconhecimento internacional não veio por acaso. Durante a Feira Agritechnica 2025 em Hannover, Alemanha - maior evento mundial de tecnologia agrícola - o case brasileiro foi destaque em painéis e discussões.
"Temos muito orgulho em exportar não apenas commodities, mas também know-how em sustentabilidade", comemora o diretor do inpEV. "Mostramos que é possível conciliar produção agrícola em larga escala com preservação ambiental."
Enquanto muitas nações desenvolvidas ainda patinam na implementação de sistemas similares, o Brasil consolida seu papel como potência agroambiental, provando que inovação e responsabilidade podem, sim, andar de mãos dadas no campo.