Tragédia no Paraná: tornado destrói 90% de Rio Bonito do Iguaçu
A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, acordou completamente devastada após a passagem de um tornado de grande intensidade na tarde de sexta-feira (7). O fenômeno natural causou a destruição de 90% do município, segundo informou a Defesa Civil estadual.
Vítimas e consequências imediatas
O balanço mais recente aponta sete mortes confirmadas - seis em Rio Bonito do Iguaçu e uma em Guarapuava, na região central do estado. Mais de 750 pessoas ficaram feridas e mais de mil estão desabrigadas após a passagem do tornado.
Bombeiros e agentes da Defesa Civil continuam trabalhando incessantemente na busca por sobreviventes sob os escombros. O cenário foi descrito por testemunhas como "de guerra", com carros capotados, árvores arrancadas pela raiz e construções completamente destruídas.
ENEM 2025 suspenso na cidade
Em decorrência da tragédia, a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2025 foi suspensa em Rio Bonito do Iguaçu. As provas seriam realizadas neste domingo (9) e no dia 16 de novembro.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná informou que ainda não há previsão de uma nova data para a aplicação do exame. A suspensão foi necessária devido aos danos provocados pelo tornado, que inviabilizam as condições de aplicação das provas.
As provas seriam aplicadas em duas escolas estaduais: Colégio Estadual Ludovica Safraider e Colégio Estadual Ireno Alves. Ambas foram danificadas durante a passagem do tornado e estão passando por vistoria técnica.
Protocolo de reaplicação do exame
De acordo com a Seed-PR, o protocolo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) prevê que em situações de força maior, todos os participantes afetados terão direito à reaplicação do exame.
Uma nova data será definida e informada oficialmente pelo Inep após avaliação técnica das condições locais. O presidente do Inep, Manuel Palácios, já se colocou à disposição para colaborar com o estado na definição das soluções para aplicação do ENEM e no apoio aos estudantes prejudicados.
Intensidade do tornado e resposta do governo
O tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu foi classificado como EF3 na Escala Fujita Aprimorada, com ventos que podem ter chegado a 250 km/h. Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o fenômeno se formou devido a uma tempestade do tipo "supercélula".
Na manhã deste sábado (8), o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), decretou estado de calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu. Equipes de engenheiros do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) atuam desde as primeiras horas da manhã na verificação e contabilização dos estragos.
Mobilização estadual e atendimento às vítimas
O Governo do Paraná mobilizou bombeiros de várias cidades para auxiliar nos trabalhos em Rio Bonito do Iguaçu. O Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), tropa de elite da corporação, também se deslocou para a região com cães de busca.
O estado colocou todas as equipes de salvamento à disposição para os atendimentos emergenciais na cidade e nas proximidades, incluindo Laranjeiras do Sul, Cantagalo, Porto Barreiro e Candói. Ambulâncias de Cascavel e Guarapuava estão auxiliando no atendimento aos feridos.
Os hospitais da região estão sobrecarregados com o fluxo de vítimas, e a Secretaria da Saúde já disponibilizou leitos em outras localidades caso a demanda aumente nas próximas horas.
Relatos de sobreviventes
Moradores da cidade relataram momentos de terror durante a passagem do tornado. Uma professora que preferiu não se identificar descreveu: "Na entrada da cidade já havia sinais muito claros de que algo muito horrível aconteceu. Conforme a gente foi entrando, foi ficando mais caótico. Cenário de guerra mesmo".
O professor de judô Marcelo Gomes contou como salvou um grupo de crianças durante a tragédia: "Quando fechei a porta, veio aquele bafo de poeira, terra, lama. Nos abraçamos dentro do banheiro e começamos a rezar. Quando eu abri a porta, o centro cultural todo tinha vindo abaixo".
O meteorologista Samuel Braun, com 23 anos de experiência, afirmou que este foi o evento mais forte que ele presenciou em sua carreira: "Esse foi bastante devastador. Até mesmo por categorias. Não me recordo de chegarmos ao EF3".