
O céu do Distrito Federal está vermelho — e não é pelo pôr do sol. Desde o início da semana, labaredas avançam sem piedade por áreas de vegetação, chegando perigosamente perto de bairros residenciais. O cheiro de queimado já virou rotina para quem mora nas regiões mais afetadas.
"Parece um filme de terror", desabafa Maria Silva, moradora do Park Way, enquanto observa a fumaça densa subir a poucos quilômetros de casa. Ela não está sozinha nesse sentimento. Vizinhos começaram a empacotar documentos e objetos pessoais, temendo o pior.
O que está pegando fogo — literalmente?
Não é só mato que está virando cinzas. Segundo o Corpo de Bombeiros, postes de energia e até torres de comunicação já foram atingidos. Resultado? Quedas de energia intermitentes e sinal de celular que some quando você mais precisa.
- Mais de 15 focos ativos registrados só nas últimas 48 horas
- Área equivalente a 300 campos de futebol já consumida
- Ventos fortes dificultam o trabalho dos brigadistas
E olha que a situação poderia ser pior. Graças — ou melhor, azar — ao inverno seco típico do cerrado, a vegetação está mais vulnerável que nunca. "É como se a natureza tivesse espalhado gasolina por toda parte", compara um bombeiro que pediu para não ser identificado.
E agora, quem poderá nos defender?
O governo local acionou o plano de contingência, mas a verdade é que os recursos estão no limite. Helicópteros sobrevoam a região despejando água, enquanto no chão, equipes trabalham contra o relógio para criar barreiras de contenção.
Enquanto isso, moradores fazem o que podem — alguns literalmente com baldes d'água na mão. "A gente se sente meio... abandonado", confessa um comerciante da região, esfregando as mãos sujas de fuligem.
E você? Já imaginou acordar com o cheiro de fumaça invadindo seu quarto? Pois para muitos brasilienses, isso virou realidade. O que era para ser apenas mais um julho seco no cerrado transformou-se num pesadelo em chamas.