
O que era para ser um agosto tranquilo no interior do Piauí virou pesadelo. Desde o dia 28 de julho — sim, faz quase duas semanas —, labaredas devoram a vegetação como se fossem um exército faminto. E o pior? A primeira aeronave para combater as chamas só apareceu no horizonte nesta terça-feira (5). Demora que custa caro.
Não é exagero dizer que o fogo ganhou terreno enquanto a burocracia emperrava a ação. Os moradores mais antigos da região — gente que conhece cada palmo daquele chão — contam que nunca viram coisa parecida. "Parece que o inferno resolveu passar férias aqui", brinca um senhor de 72 anos, entre tosses causadas pela fumaça espessa.
O que deu errado?
Bom, vamos aos fatos:
- O incêndio começou pequeno, mas sem ação rápida, virou um monstro
- Equipes terrestres tentaram conter, mas era como enxugar gelo
- O avião — que poderia ter sido decisivo — ficou parado sabe-se lá onde
Enquanto isso, a mata que levou décadas para crescer virava cinzas em questão de horas. Uma ironia amarga, considerando que agosto é justamente o mês do fogo no calendário ambiental brasileiro.
E agora?
Com a aeronave finalmente no ar, há esperança — ainda que tardia. Os pilotos, experientes em situações do tipo, trabalham contra o relógio. Mas o vento, caprichoso como sempre, não ajuda. Muda de direção como criança mimada e espalha as chamas onde bem entende.
Os prejuízos? Incalculáveis. Além da vegetação nativa — que abrigava espécies únicas —, roçados e até algumas casas próximas sofreram danos. "Perdi parte da minha criação de galinhas", desabafa Dona Maria, agricultora que vive há 40 anos no local. "O cheiro de queimado não sai do nariz."
Autoridades prometem apurar as causas do incêndio e — pasme — a demora na resposta. Enquanto isso, o céu avermelhado continua a lembrar a todos que, quando se trata de natureza, tempo é um luxo que não temos.