
Era um domingo como qualquer outro — sol forte, risadas e aquele cheiro de água doce que só represa tem. Até que, num piscar de olhos, a brincadeira virou pesadelo. Alexsander Silva de Souza, 22 anos, pulou na água sem pensar duas vezes quando viu as amigas se debatendo. Salvou ambas. Mas quando todos achavam que a história teria final feliz... o impensável aconteceu.
"Ele sumiu. Simplesmente sumiu", conta uma das jovens resgatadas, ainda tremendo ao lembrar do ocorrido na Represa São João, em Vinhedo. "Um minuto tava ali, no outro..." A voz some, engolida pelo mesmo silêncio que agora cerca a família do rapaz.
Busca contra o tempo
Desde segunda-feira (22), mergulhadores do Corpo de Bombeiros reviram cada centímetro da represa com aquele misto de esperança e desespero que só quem já procurou alguém nas águas conhece. Helicóptero, drones, até cães farejadores — nada parece suficiente diante da imensidão turva.
"É como encontrar agulha no palheiro, só que pior", desabafa um dos militares, esfregando os olhos vermelhos de cansaço. "A água aqui tem correntezas invisíveis que nem os moradores mais antigos conseguem prever."
O herói que ninguém viu partir
Enquanto isso, na casa simples onde Alexsander morava, a TV continua ligada no volume máximo — "caso ele telefone", justifica a mãe, Maria Silva. Nas paredes, fotos do jovem formado em administração contrastam com o vazio que agora habita cada canto.
"Meu filho sempre foi assim, desde pequeno", ela conta, segurando o celular onde a última foto do rapaz mostra justamente ele sorrindo à beira d'água. "Se visse alguém precisando, nem pensava. Agora... agora só peço que o encontrem."
O caso lembra tragicamente outros desaparecimentos em represas da região — aqueles que começam como notícia de jornal local e, semanas depois, viram apenas estatística. Mas para a família e amigos de Alexsander, cada minuto que passa é uma eternidade.
Quem tiver qualquer informação pode entrar em contato com o 190. Até o fechamento desta matéria, as buscas continuavam — porque enquanto houver esperança, há razão para continuar procurando.