Santa Casa de Cuiabá: Justiça Intima Credores Após Leilão Malsucedido que Abala a Saúde Pública
Santa Casa de Cuiabá: leilão fracassa e Justiça intima credores

Parece que o leilão da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá — aquele evento judicial que prometia ser a tábua de salvação para a instituição — não atraiu uma única alma interessada. Nem mesmo um lance simbólico. Nada. Um silêncio absoluto que ecoou pelos corredores do fórum e, claro, pela cidade inteira.

Diante desse vácuo de propostas, o que a Justiça faz? O Desembargador Orlando Perri, que toca o processo na 5ª Câmara Cível do TJMT, não ficou de braços cruzados. Ele emitiu uma ordem, um ofício judicial, para que a lista de credores seja apresentada. E rápido. A ideia? Mapear com precisão quem são os que têm a mão estendida aguardando pagamento, para daí traçar o próximo passo nessa novela que já dura anos.

O estranho — ou talvez não tão estranho assim — é que ninguém se habilitou. O edital de venda, que previa um lance mínimo de R$ 113,4 milhões, simplesmente não encontrou eco no mercado. E olha que a dívida da Santa Casa beira os impressionantes R$ 300 milhões. Uma conta que não fecha, uma equação complexa que assusta qualquer potencial comprador.

E Agora, José? O Que Vai Ser da Santa Casa?

Com o leilão frustrado, o futuro do hospital, que é um verdadeiro patrimônio histórico e de saúde para Cuiabá, fica mais nebuloso do que nunca. A intimação dos credores é um movimento técnico, quase que inevitável. É a Justiça tentando organizar a casa — ou o que restou dela — antes de decidir o próximo jogo.

Especula-se que, mapeada a dívida, o caminho possa ser uma nova tentativa de venda, quem sabe com condições mais flexíveis. Mas, entre nós? A situação é delicadíssima. Envolve não apenas números em um papel, mas vidas. A população que depende dos serviços do hospital está, literalmente, na mira desse impasse.

O que me deixa pensativo é o timing de tudo isso. Desde 2019 o hospital está sob intervenção judicial, e a situação só parece se agravar. A pandemia, claro, jogou mais gasolina nesse incêndio financeiro. Agora, a bola está com a Justiça para encontrar uma solução que preserve, acima de tudo, a função social da instituição.

É uma daquelas encruzilhadas urbanas onde o direito, a economia e a saúde pública se chocam de forma brutal. O desfecho? Ainda é um ponto de interrogação gigante. Mas uma coisa é certa: a cidade de Cuiabá não pode perder a Santa Casa. O preço social seria alto demais.