
Nunca, em toda a sua história recente, o Rio Tarauaca havia ficado tão raso. Aos pés dos moradores de Tarauaca, no interior do Acre, a água mal passava dos 75 centímetros nesta segunda-feira. Algo simplesmente inacreditável.
Quem vive por ali há décadas garante: não se via algo assim. "Nunca tinha visto tão raso", repete um senhor, balançando a cabeça enquanto observa o leito quase exposto. Até as crianças, que normalmente precisariam de um barco para ir à escola, agora cruzam tranquilamente a pé — uma cena que mistura certo alívio prático com uma preocupação silenciosa.
O rio que virou caminho
O que era correnteza agora são quase apenas pedras e áreas úmidas. O rio, outrora sinuoso e cheio, permitiu que moradores simplesmente atravessassem de uma margem à outra sem medo de serem levados. Algo impensável há alguns meses.
E não é exagero. Pessoas que dependem do Tarauaca para transporte, pesca e até abastecimento estão vendo sua rotina virar de cabeça para baixo. Barcos que antes deslizavam agora encalham. Peixes que eram comuns somem com a água mais baixa. E o temor do que ainda pode piorar paira no ar.
Além da surpresa: o que explica?
Ninguém ali acha que é só uma “seca de sempre”. As estações parecem ter mudado de ritmo, e o clima — ah, o clima — já não é mais como era. Especialistas locais suspeitam que uma combinação de falta de chuvas regulares e talvez até mudanças no regime de ventos esteja por trás do fenômeno.
Mas na prática, o que importa mesmo é o agora: como viver com um rio que não é mais rio como antes? Como planejar o dia a dia quando até a geografia parece ter revidado?
Enquanto isso, a imagem de pessoas atravessando o que antes era um corpo d'água imponente viralizou nas redes — um retrato forte de como a natureza, quando muda, arrasta todo mundo junto.
E o pior? Ninguém sabe ao certo se o Tarauaca voltará ao normal logo… ou se essa será a nova norma.