O Rio Acre segue em processo de elevação preocupante na capital acreana, Rio Branco, e registrou uma marca próxima dos 15 metros neste domingo (28). A situação já obrigou centenas de pessoas a abandonarem suas residências e causou alagamentos em diversos pontos da cidade.
Monitoramento e números da cheia
De acordo com os dados mais recentes da Defesa Civil Municipal, a medição do Rio Acre atingiu 14,86 metros às 5h deste domingo. Poucas horas depois, por volta das 9h, o nível subiu ainda mais, chegando a 14,94 metros, ficando perigosamente próximo da marca de 15 metros.
O tenente-coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa Civil, informou que, por conta da subida das águas, 237 pessoas precisaram deixar suas casas. Desse total, 34 famílias estão abrigadas em locais providenciados pelo poder público e outras 39 estão hospedadas na casa de parentes ou amigos.
O impacto é significativo: aproximadamente 300 residências foram alagadas e o número de pessoas afetadas de alguma forma pela cheia já chega a cerca de 2 mil. Quinze bairros da capital já sentem os efeitos da enchente.
Chuvas intensas e transbordamento
A elevação rápida do nível do rio está diretamente ligada ao grande volume de chuvas que caiu sobre a região. Entre a última quinta-feira (25) e sexta-feira (26), a capital foi atingida por fortes precipitações. O acumulado de chuva de sexta para sábado foi expressivo, somando 171 milímetros.
Esse volume fez com que o Rio Acre subisse 1,13 metro em menos de 24 horas. O manancial ultrapassou a cota de transbordo na manhã de sábado (27). Vale lembrar que a cota de alerta máximo é fixada em 14 metros, nível a partir do qual o rio começa a inundar os bairros ribeirinhos. Este é o segundo registro de transbordo em menos de um ano, após o rio também ter superado a marca em março.
A Defesa Civil estadual acrescenta que a situação do Riozinho do Rola, afluente do Rio Acre, que também está com nível elevado, contribui para o agravamento da cheia.
Danos e ações de resposta
Os estragos causados pelas chuvas e pela enchente são visíveis em várias regiões de Rio Branco. A infraestrutura urbana sofreu danos consideráveis, incluindo:
- Rompimento de vias públicas e isolamento de ruas.
- Deslizamentos de terra, como no Bairro Preventório, onde o Corpo de Bombeiros registrou movimentação de massa.
- Alagamentos em quintais de moradores nos bairros da Paz, Parque das Palmeiras e Belo Jardim II, devido ao transbordamento do Igarapé Batista.
- Formação de um grande buraco no asfalto na Rua Rio Negro, no Portal da Amazônia, após um bueiro não suportar o volume d'água.
- Queda de um poste no Bairro Conquista, agravada pela cheia do Igarapé São Francisco.
- Alagamento na entrada do Bairro Ouricuri, com forte correnteza.
- Queda do muro de uma residência no Bairro Aeroporto Velho.
Para atender à população desabrigada, a Prefeitura de Rio Branco disponibilizou três escolas como abrigos: a Escola Álvaro Rocha (Conquista), a Escola Anice Jatene (Geraldo Fleming) e a Escola Maria Lúcia (Morada do Sol). O tenente-coronel Cláudio Falcão afirmou que já estão montando um novo abrigo no Parque de Exposições para possíveis novas ocorrências.
A população permanece em alerta enquanto o nível do Rio Acre é monitorado de perto pelas autoridades, que buscam mitigar os danos e prestar assistência às famílias atingidas.
