Herói em uniforme: Bombeiro que perdeu a vida em queda de 10 metros é enterrado com honras militares em Igaratá
Bombeiro morto em queda é enterrado com honras em Igaratá

O sol batia forte no cemitério de Igaratá, mas o calor parecia insignificante diante do frio na alma dos presentes. Naquele sábado (8), a cidade do interior paulista se despedia de um de seus heróis — um bombeiro que perdeu a vida de maneira trágica durante o exercício da profissão.

Parece até ironia do destino: quem dedicou a vida a salvar pessoas, partiu tão cedo num acidente banal. Uma queda de 10 metros durante uma operação de rotina. Dez metros que separaram a vida da morte num piscar de olhos.

O último adeus

O cortejo fúnebre foi coisa de arrepiar. Viaturas reluzentes, colegas de farda em formação impecável — cada um segurando as lágrimas à sua maneira. Alguns com o queixo firme, outros nem disfarçavam o tremor nos lábios. Afinal, não era um colega qualquer que partia.

"Ele era daqueles que chegava primeiro e saía por último", contou um veterano com a voz embargada, enquanto ajustava a bandeira que cobria o caixão. "O tipo de profissional que faz você acreditar que ainda existem heróis de verdade."

Marcas que ficam

A cerimônia teve todos os elementos de um funeral militar:

  • Toques de corneta que ecoavam entre as lápides
  • Salva de tiros que fez os pássaros voarem assustados
  • Bandeja com medalhas — cada uma contando uma história de coragem

Mas o momento mais marcante? Quando a esposa — vestida de preto, segurando uma criança no colo — recebeu a bandeira dobrada com aquela mistura de orgulho e dor que só quem perde um amor sabe descrever.

Por falar em dor, a corporação já anunciou que vai batizar a próxima turma de recrutas com o nome do colega falecido. "Assim ninguém esquece o preço que alguns pagam para manter nossa segurança", explicou o comandante, com aquela voz rouca de quem fuma há 30 anos.

Risco diário

O caso reacendeu o debate sobre as condições de trabalho dos bombeiros. Você sabia que, só no primeiro semestre deste ano, 14 profissionais morreram em serviço no estado? É um número que dá frio na espinha.

Enquanto isso, na saída do cemitério, um grupo de crianças assistia à cena com olhos arregalados. Uma delas, não deve ter mais que 7 anos, perguntou à mãe: "Mãe, quando eu crescer, posso ser bombeiro também?" A resposta veio entre soluços: "Pode, filho. Pode ser o que você quiser."

E assim, entre lágrimas e honrarias, Igaratá enterrou não apenas um servidor público, mas um pedaço da própria alma. Resta agora torcer para que a morte dele não seja em vão — e que sirva de alerta para quem acha que segurança no trabalho é frescura.