Era pra ser mais uma tarde tranquila no bairro Jardim Primavera, em Salto — até que o cheiro de queimado cortou o ar. Vizinhos nem acreditaram quando viram labaredas saindo da casa do seu Antônio*, um senhor conhecido por guardar montanhas de papelão, plástico e outros recicláveis. "Parecia uma fogueira de São João fora de época", contou Dona Maria, que chamou os bombeiros.
Quando os profissionais chegaram, a situação já estava feia. O fogo, alimentado pelo material inflamável, avançava rápido. Seu Antônio tentou conter as chamas sozinho antes da chegada dos bombeiros — e saiu com queimaduras moderadas nas mãos e braços. "Ele é teimoso, queria salvar os recicláveis como se fossem ouro", comentou um vizinho, misturando preocupação e irritação.
O resgate e os riscos escondidos
Os bombeiros, esses heróis do cotidiano, levaram menos de 15 minutos para controlar o incêndio. Mas aí já era tarde demais para a maior parte da "coleção" de recicláveis. O que sobrou? Cinzas, cheiro forte e um alerta que deveria ser óbvio, mas muita gente ignora: acumular esse tipo de material é uma bomba-relógio.
O Corpo de Bombeiros deixou claro: "Casas com acúmulo excessivo de materiais inflamáveis são convites para tragédias". E não é exagero — só neste mês, já são três casos parecidos na região. Seu Antônio, agora no hospital, deve se recuperar. Mas e se fosse à noite, quando todo mundo estivesse dormindo?
Lições que queimam, mas não pegam
Enquanto isso, no bairro, o papo é outro. Alguns culpam a situação econômica ("a gente guarda o que pode"), outros falam em descuido mesmo. A prefeitura, por sua vez, lembra que tem coleta seletiva regular — mas parece que a mensagem não chega pra todo mundo. Ou chega e some, como fumaça no vento.
Uma coisa é certa: depois desse susto, vários vizinhos já começaram a limpar seus quintais. Medo, às vezes, é o melhor professor. E no caso do fogo, a lição ou se aprende rápido... ou se aprende tarde demais.
