
O dia amanheceu diferente — e assustador — para os moradores do Morro da Liberdade. Por volta das 8h da manhã, as labaredas já subiam alto, tragando tudo pelo caminho: casas, memórias, a sensação de segurança. A Vila de Quitinetes, um lugar cheio de histórias e resistência, virou palco de um drama real.
Os bombeiros chegaram rápido, mas o fogo é traiçoeiro — e o vento, um cúmplice perigoso. Mais de dez viaturas no local, mangueiras esticadas, gente correndo. Uma cena de caos, mas com um objetivo só: salvar o que der.
E as pessoas? Ah, as pessoas… Corriam, tentavam tirar algum objeto, algum documento, um pedaço de vida dali. Uns choravam. Outros, parados, só olhavam. Às vezes, o desespero é mudo.
Não há confirmação de feridos. Ainda.
Mas é cedo pra respirar aliviado. Incêndio desse tipo é imprevisível — e a fumaça, densa e escura, ainda sobe sobre Manaus. Quem passa pela área relata que o cheiro de queimado é forte, e a visão, arrepiante.
Agora, o que se perdeu? Muito. E o que fica é a pergunta: como começa uma coisa dessas? Eletricidade mal instalada? Um botijão? Algo simples que virou catastrophe? Ainda não sabem. O fogo não fala — só consome.
Enquanto isso, a solidariedade já esquenta. Vizinhos de outras comunidades já se mobilizam — água, comida, roupa. A gente sabe: depois do fogo, vem a fome. E a dor.
Fica o alerta. Áreas de ocupação, vielas apertadas, madeira… Tudo vira combustível. Será que a cidade aprende? Será que olha pra essas pessoas?
Por enquanto, o Morro da Liberdade chora. E queima.