
Era pra ser mais um dia normal na obra do Centro de Convenções de Campina Grande. O sol castigava, como sempre nessa época do ano, e os operários suavam a camisa — literalmente. Mas o que começou como rotina terminou em tragédia.
Por volta das 10h da manhã desta segunda (14), um ajudante de pedreiro — cujo nome ainda não foi divulgado — despencou de um andaime a mais de 6 metros de altura. Testemunhas contam que o barulho do impacto ecoou como um trovão pelo canteiro de obras. "A gente ouviu um estrondo, depois gritos. Quando chegamos lá, já era tarde demais", relatou um colega de trabalho, ainda visivelmente abalado.
Falha na segurança?
O que exatamente causou a queda ainda está sendo apurado, mas os primeiros indícios sugerem que o cinto de segurança — item básico pra quem trabalha em altura — não estava sendo usado. "Tem dia que a gente até esquece, com a correria", confessou outro operário, pedindo anonimato. Coisa que, convenhamos, não deveria acontecer nunca.
A obra, que faz parte de um pacote de investimentos do governo estadual, já tinha sido alvo de críticas por atrasos. Agora, vai ter que responder perguntas mais sérias. O Ministério Público do Trabalho foi acionado e prometeu investigar a fundo as condições de segurança no local.
Vítima era pai de família
Enquanto as máquinas pararam e os coletes amarelos se aglomeravam em volta do corpo, a vida daquele homem — que sustentava mulher e dois filhos pequenos — se esvaía no concreto. Ironia cruel: ele ajudava a construir um espaço que celebraria futuros, mas perdeu o seu num piscar de olhos.
O sindicato da categoria já se manifestou: "Isso não pode virar estatística. Precisamos de fiscalização constante e punição exemplar quando há negligência". Palavras duras, mas necessárias. Afinal, quantos mais terão que morrer antes que a segurança vire prioridade?
O corpo foi encaminhado ao IML, e a família aguarda liberação para velório. A empreiteira responsável pela obra se limitou a dizer que "está prestando todo o suporte necessário" — aquela frase pronta que nunca conforta ninguém.