PRF intercepta ônibus com 65 trabalhadores maranhenses em SP: condições precárias assustam
PRF apreende ônibus com 65 trabalhadores em SP

Era um cenário que mais parecia saído de um filme de denúncia social. Na tarde desta terça-feira (15), agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) deram de cara com um ônibus que — pasme — transportava nada menos que 65 pessoas vindas do interior do Maranhão. O veículo, que trafegava por São Paulo, foi parado numa operação de rotina que acabou revelando muito mais do que se esperava.

Segundo os policiais, o estado do coletivo dava arrepios. "A gente vê cada coisa na estrada, mas aquilo ali...", comentou um dos agentes, preferindo não se identificar. Os passageiros, todos trabalhadores rurais, estavam amontoados como sardinhas em lata — alguns até em pé, por falta de espaço.

Detalhes que preocupam

O que chamou atenção não foi só a superlotação (que já seria grave por si só). Documentação irregular, falta de equipamentos de segurança e — pasme de novo — até a ausência de água potável completavam o quadro desolador. Parece exagero? Infelizmente, não é.

"Tinha gente que tava há mais de 12 horas naquela situação", relatou uma das vítimas, visivelmente abalada. O destino? Um canavial no interior paulista. O sonho? Ganhar o sustento com o suor do próprio rosto. A realidade? Bem... você já pode imaginar.

O que diz a lei

Transporte de trabalhadores tem regras claras no Brasil — e essa situação violava praticamente todas. Desde o número máximo de passageiros até as condições mínimas de conforto e segurança. "Isso não é transporte, é transporte", ironizou um dos policiais durante a abordagem.

O motorista — que, diga-se de passagem, tentou justificar o injustificável — acabou multado e o veículo, apreendido. Já os trabalhadores foram encaminhados para atendimento e, depois, para seus destinos em condições dignas. Mas a pergunta que fica é: quantos casos como esse passam despercebidos por aí?

O episódio, que mistura descaso, exploração e — por que não dizer? — um certo cinismo, serve de alerta. Enquanto uns lucram, outros pagam o preço — literalmente — com a própria saúde e dignidade. E aí, vamos continuar fingindo que não é conosco?