
Um vídeo que circula nas redes sociais está dando o que falar — e não é pouco. Nele, duas mulheres realizam a limpeza das janelas de um prédio comercial em São Paulo, mas de uma maneira que faz qualquer um segurar a respiração. Literalmente penduradas do lado de fora, sem qualquer sistema de proteção contra quedas que preste, elas se equilibram numa estreita cornija enquanto passam pano nos vidros.
Não é exagero dizer que só de olhar dá vertigem. A cena, capturada por um transeunte assustado, reacendeu uma discussão antiga, porém urgentíssima: até que ponto a pressão por produtividade e o custo baixo estão colocando vidas em risco?
Um risco que ninguém deveria correr
A tal Norma Regulamentadora 35 (NR-35), que estabelece os parâmetros para trabalho em altura, parece ter sido completamente ignorada. O equipamento de segurança? Brilhante pela ausência. Um simples cinto de segurança ou um trava-quedas poderia mudar tudo, mas naquele momento, era só elas e o vão livre lá embaixo.
"É uma situação inadmissível", solta um especialista em segurança do trabalho que preferiu não se identificar. "Isso não é trabalho, é roleta-russa. A empresa responsável por essa atividade cometeu uma falha gravíssima, das que custam vidas."
Além do viral: a realidade por trás das imagens
O pior é que esse caso não é exceção — longe disso. Ele escancara uma prática que, infelizmente, ainda é comum em muitos cantos do país. Muitos trabalhadores, seja por falta de treinamento, pressão ou medo de perder o emprego, acabam aceitando realizar atividades perigosas sem a proteção devida.
E aí, me digam: o que vale mais? A janela limpinha ou a integridade de quem faz o serviço? A pergunta parece óbvia, mas a prática mostra que a resposta nem sempre é prioridade.
E agora, José?
O caso deve ser investigado pelo Ministério do Trabalho. A empresa responsável pode responder a um processo por descumprir as normas de segurança, pagar multas pesadas e, claro, ser acionada na Justiça. Mas isso tudo é reação. E a prevenção?
Enquanto as imagens correm o mundo e geram indignação, o debate que fica é sobre consciência. Consciência dos empregadores em fornecer condições mínimas de segurança. E consciência dos trabalhadores em saber que nenhum emprego vale a própria vida.
No fim das contas, o que está em jogo não é só a limpeza de um vidro, mas o valor que a gente dá para o trabalho humano. E isso, meus amigos, é uma sujeira que nenhum pano vai conseguir limpar.