
Imagine acordar antes do sol nascer e só voltar para casa quando já é noite — todos os dias. Parece exagero? Pois essa é a realidade do modelo 996 (9h às 21h, 6 dias por semana), que saiu da China e agora assombra os EUA.
De Xangai para Silicon Valley
O que começou como uma "filosofia" em startups chinesas — alardeada por bilionários como Jack Ma — agora infecta empresas americanas. E não são só tech giants: consultorias, fábricas e até escritórios de advocacia adotam versões disfarçadas desse regime.
"É o capitalismo no modo sádico", dispara Luís Fernandes, economista. "Funcionários dormem sob mesas como se fossem medalhas de produtividade."
Números que Assustam
- 72 horas semanais viram "padrão ouro" em setores competitivos
- 1 em cada 5 millennials admite trabalhar mais de 60 horas
- Queda de 34% na produtividade após o 3º mês nesse ritmo (dados do MIT)
E aqui vai o paradoxo: enquanto a China começa a coibir a prática após protestos, os EUA veem CEOs aplaudindo "dedicação extrema". Ironia ou hipocrisia?
O Preço Oculto
Médicos alertam para a "síndrome 996": insônia crônica, ataques de pânico e — pasme — esquecimento da própria morada. Sim, há relatos de trabalhadores que não lembravam onde moravam após meses sem ver a luz do dia.
E não é só o corpo que padece. Um estudo da Harvard revela que relações familiares em regimes 996 duram, em média, 17 meses. "Divórcios por WhatsApp" tornaram-se comuns.
O Que Diz a Lei?
Aqui está o pulo do gato: nos EUA, o Fair Labor Standards Act teoricamente protege contra abusos. Mas a realidade? Contratos "fora do relógio" e bônus vinculados a horas extras não remuneradas.
Como diz o ditado: "Quando o jogo é duro, as regras amolecem" — e parece que o jogo virou uma maratona sem linha de chegada.