Miss Mato Grosso Envolvida em Escândalo: Empresa de Beleza Acusada de Trabalho Análogo à Escravidão
Miss MT acusada de trabalho análogo à escravidão

Era para ser um conto de fadas moderno: beleza, coroa e empreendedorismo. Mas a realidade por trás da empresária e miss Nathielle Falcão, 27 anos, parece saída de um pesadelo trabalhista. Acontece que a dona de uma rede de clínicas de estética em Cuiabá – aquela mesma que ostenta o título de Miss Mato Grosso 2024 – está no centro de uma investigação séria do Ministério do Trabalho e Emprego.

Pois é. A imagem perfeita desmorona quando se descobre que vinte pessoas – sim, vinte! – trabalhavam para ela em condições que beiram o inacreditável no século XXI. A fiscalização, que agiu na última quarta-feira, encontrou um cenário digno de filmes de época, mas terrivelmente real.

O que a fiscalização encontrou?

Não foram apenas irregularidades básicas. O relatório dos auditores pinta um quadro de completo desrespeito à dignidade humana. Imagine trabalhar sem registro na carteira – algo que já seria grave por si só – mas a coisa ia muito, muito além.

  • Alojamentos insalubres: Funcionários dormiam no próprio local de trabalho, em espaços improvisados e sem condições mínimas de higiene
  • Jornadas exaustivas: Turnos que se estendiam por até 16 horas consecutivas, sem direito a descanso adequado
  • Monitoramento abusivo: Câmeras de vigilância até nos alojamentos, violando qualquer resquício de privacidade
  • Falta de proteção: Nem mesmo equipamentos básicos de segurança eram fornecidos para quem manuseava produtos químicos

E tem mais. Muitos desses trabalhadores eram de outros estados – vieram com promessas de salários que nunca se materializaram completamente. Um verdadeiro esquema de ilusão e exploração.

Dupla face perigosa

O que mais choca nessa história é o contraste brutal entre a imagem pública e a realidade empresarial. Enquanto nas redes sociais Nathielle posa com sua coroa e sorriso fotogênico, sua empresa operava na obscuridade dos direitos trabalhistas. Uma dualidade que deixou até os fiscais surpresos.

"É sempre impactante encontrar situações assim, especialmente quando envolvem pessoas com certa notoriedade", comentou um dos auditores, que preferiu não se identificar. "Mas a lei é igual para todos."

A defesa da miss-empresária já se manifestou, alegando que ela não tinha conhecimento direto das condições – versão que, convenhamos, soa um tanto quanto frágil quando se trata de vinte pessoas sob sua responsabilidade.

E agora, o que acontece?

As consequências já começaram a aparecer. Além da ação civil pública movida pelo MTE, Nathielle pode responder criminalmente pelos crimes previstos na lei de combate ao trabalho escravo. E não para por aí: o caso mancha irremediavelmente sua imagem pública e, claro, seu título de Miss Mato Grosso.

A organização do concurso estadual já se pronunciou, afirmando que "analisa o caso com seriedade" e que pode tomar medidas sobre o título. Uma decisão difícil, sem dúvida, mas necessária diante da gravidade das acusações.

Enquanto isso, os vinte trabalhadores resgatados recebem assistência do governo – incluindo seguro-desemprego especial e encaminhamento para novos empregos. Uma luz no fim do túnel para quem viveu meses de exploração.

Resta saber se essa história servirá de alerta para outros empresários que ainda acham que podem burlar a lei trabalhista. Em pleno 2025, casos assim mostram que a luta pela dignidade no trabalho está longe de acabar.