
A noite de terça-feira, 23, no Rio Negro, era daquelas que prometia paz—mas a escuridão trouxe uma tragédia que vai marcar para sempre a vida de Carlos Ferreira. Ele estava ali, com a esposa, Maria, e o pequeno Miguel, de apenas oito meses, curtindo um momento em família. Quem diria que um simples passeio se transformaria num pesadelo sem volta.
"A gente tava voltando, tranquilo. De repente, aquele barulho ensurdecedor—um jet ski veio do nada, sem uma luz sequer. Nem deu tempo de pensar", relata Carlos, a voz ainda embargada pela dor. O impacto foi brutal. A lancha onde estavam simplesmente virou, lançando todos nas águas escuras e geladas do rio.
O desespero na água foi indescritível. Carlos conseguiu se agarrar a um pedaço do barco, gritando pelos nomes de Maria e do bebê. A escuridão era total—a única coisa pior que o frio era o silêncio que se seguiu. "Eu nadava às cegas, chamando por eles. Mas só ouvia o barulho da água..."
O Resgate e a Perda Irreparável
Equipes do Corpo de Bombeiros chegaram rapidamente ao local, próximo ao Encontro das Águas. Encontraram Carlos em estado de choque, ainda se debatendo na correnteza. Mergulhadores vasculharam a área por mais de uma hora—até que veio a notícia mais dura: os corpos de Maria e do pequeno Miguel foram resgatados sem vida.
O jet ski, pasmem, fugiu do local sem prestar socorro. A Polícia Civil já abriu inquérito para apurar as circunstâncias do acidente. Testemunhas ouvidas pela reportagem confirmaram: a embarcação de pequeno porte não tinha luzes de navegação acesas—uma imprudência fatal, especialmente num trecho de rio com tanto movimento noturno.
Além da Tragédia: Um Alerta que Fica
Esse caso—que comoveu Manaus—joga luz sobre um problema que muitos ignoram: a segurança náutica à noite. Rios como o Negro são estradas, e jet skis, quando operados sem cuidado, viram projéteis perigosos. A falta de iluminação adequada é, simplesmente, brincar com a sorte—e a sorte de alguém, infelizmente, acabou.
Carlos agora enfrenta o luto e a busca por justiça. "Era tudo pra mim, minha família... que ninguém passe por isso", desabafa. Uma história que deveria ser sobre um passeio em família tornou-se um alerta trágico sobre a importância de respeitar as regras nos rios da Amazônia. Porque, no escuro, um momento de descuido pode custar tudo.