
Imagine estar à beira do abismo — literalmente. Foi assim que a família Silva, de Indiana (SP), se viu no mês passado, quando o carro em que estavam despencou por uma ribanceira após uma falha mecânica. "Pensei que fosse o fim", confessa João Silva, 38 anos, com a voz ainda trêmula. Mas o que poderia ter sido uma tragédia virou história de renascimento.
Naquele dia, o veículo capotou três vezes antes de parar num barranco. O vidro estilhaçado, o silêncio assustador depois do impacto. "Quando ouvi meu filho chorar, soube que tínhamos uma chance", lembra Maria, esposa de João. Foram 72 horas de angústia até o resgate — tempo que, hoje, eles chamam de "milagre disfarçado de pesadelo".
Feridos, mas não derrotados
O menino Pedro, 9 anos, fraturou o braço. João teve três costelas quebradas. Maria escapou com escoriações — "arranhões da sorte", como diz. No hospital, prometeram: "Vamos reconstruir nossa vida tijolo por tijolo". E cumpriram.
Neste Domingão dos Pais, enquanto assavam carne no quintal da casa nova — alugada com ajuda de vizinhos —, a família brindou com suco de laranja ("o champanhe dos sobreviventes", gracejou João). "Caímos, mas não quebramos", filosofou o patriarca, abraçando o filho que quase perdeu.
Lições no caminho da ribanceira
- Check-up veicular: O acidente ocorreu por uma falha no sistema de freios negligenciada há meses
- Solidariedade: Moradores locais criaram uma vaquinha que arrecadou R$ 15 mil em duas semanas
- Novos hábitos: A família agora faz terapia em grupo e instalou extintor no carro novo
O caso virou exemplo na pequena Indiana. "Eles nos mostraram que até das quedas mais duras podemos levantar", comentou a dona do mercadinho onde Maria trabalha. A prefeitura, inclusive, está reformando a sinalização na curva onde ocorreu o acidente — obra que deveria ter sido feita ano passado.
Enquanto isso, os Silva planejam o futuro com um olhar diferente. "A gente agora valoriza cada café da manhã como se fosse um presente", diz Maria, servindo pão com manteiga no almoço de celebração. João completa, entre uma garfada e outra: "Cair faz parte. Ficar no chão, não".