Imagine a cena: uma tarde comum, cheiro de carvão no ar, risadas no quintal. De repente — um estampido. Foi assim que a vida da família Silva virou de cabeça para baixo. O pequeno Lucas, de apenas cinco anos, foi atingido por uma explosão inesperada da churrasqueira enquanto brincava no jardim de casa, em Palmas.
"Parecia um filme de terror", conta a mãe, Mara Silva, ainda com a voz embargada. "Um segundo ele tava correndo atrás do cachorro, no outro... aquele barulho ensurdecedor, a fumaça, o desespero."
Longe dos olhos, perto do perigo
Quem diria que o "rei do churrasco" — como o pai brincava chamar o equipamento — se tornaria uma ameaça? Os médicos explicaram que um vazamento de gás, somado a uma faísca acidental, criou o cenário perfeito para a tragédia. Lucas sofreu queimaduras de segundo grau em 15% do corpo.
"Quando vi meu bebê naquela maca, pensei: acabou", desabafa Mara. Mas o que veio depois foi uma lição de resiliência que deixou até os profissionais de plantão emocionados.
Fase mais difícil
As primeiras 72 horas foram críticas. Enquanto os pais se revezavam na vigília hospitalar — ele com as mãos trêmuras segurando um café frio, ela rezando baixinho —, Lucas enfrentava dores que nenhuma criança deveria conhecer. "Cada troca de curativo era como uma tortura", lembra o enfermeiro responsável.
Mas eis que, no décimo dia, aconteceu o inesperado:
- As feridas começaram a cicatrizar num ritmo surpreendente
- A febre teimosa finalmente cedeu
- E aquele sorriso — ah, aquele sorriso! — voltou a iluminar o quarto 307
"Foi quando percebi: ele tá voltando pra mim", diz a mãe, esfregando as lágrimas com as costas da mão.
"Nasceu de novo"
Hoje, com alta médica em mãos e uma cicatriz que vai virar "história pra contar", Lucas é outra criança. Literalmente. "Até a personalidade mudou", ri o pai. "Antes quietinho, agora não para de perguntar como tudo funciona — especialmente fogões!"
A família transformou o susto em alerta: instalou detectores de gás, fez curso de primeiros socorros e agora compartilha sua história para prevenir outros acidentes. "Se ajudar uma só família a evitar o que passamos, já vale", reflete Mara.
Enquanto isso, Lucas — que deveria estar assustado — só tem uma preocupação: "Mãe, quando a gente vai fazer outro churrasco?" Pergunta de criança, lição de adulto: a vida continua, mas nunca igual.
