
Quem passa pelo Terminal Marítimo de Salvador nos últimos dias notou uma cena incomum: filas mais longas e um movimento intenso de passageiros. O motivo? A suspensão das famosas "lanchinhas" — aquelas embarcações menores que faziam a travessia entre a capital baiana e a Ilha de Itaparica.
Desde que a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (AGERBA) decidiu interditar os barcos por questões de segurança, o ferry virou a única opção. E olha, a galera tá sentindo no pé — ou melhor, no bolso e no relógio.
Números que não mentem
Segundo dados oficiais, o aumento foi de quase 40% em apenas uma semana. De repente, aqueles 4 mil passageiros diários viraram 5.600 — e a coisa parece que não vai parar por aí. "É uma loucura", conta Maria Santos, 58 anos, que faz o trajeto todo dia para trabalhar. "Antes eu pulava na lanchinha sem pensar, agora tenho que chegar uma hora antes pra garantir lugar."
E não é só ela. Com capacidade para 500 pessoas por viagem (e só 12 saídas diárias), o ferry tá operando no limite. A Companhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA) já avisou: estão estudando aumentar a frequência, mas a logística não é simples.
O outro lado da moeda
Enquanto isso, do lado de Itaparica, o comércio local já sente o baque. "Muita gente tá desistindo de vir por causa da demora", lamenta o dono de uma barraca de acarajé, que prefere não se identificar. "E quando vem, chegam com pressa — mal dá tempo de vender."
Já os taxistas aquáticos — aqueles que fazem transporte alternativo — estão com a agenda lotada. "Cobro R$ 50 por pessoa, mas mesmo assim não dou conta", diz um deles, entre uma corrida e outra.
E você, o que acha dessa mudança? Medida necessária ou transtorno desnecessário? Uma coisa é certa: enquanto as lanchinhas não voltam (se é que voltam), o ferry vai continuar sendo o rei do pedaço — cheio, apertado, mas ainda assim insubstituível.