
Pois é, se você mora em Piracicaba e sente que passa uma eternidade dentro do carro, saiba que não está sozinho. Um levantamento recente do IBGE, que fuçou os hábitos de deslocamento dos piracicabanos, trouxe à tona uma realidade que muitos já desconfiavam: o carro reina absoluto nas ruas da cidade.
O que me chamou a atenção, francamente, foi a constatação de que mais da metade da população economicamente ativa — estamos falando de uns 57% — recorre ao automóvel particular para chegar ao batente. É um número que dá o que pensar, não é mesmo?
O Relógio Não Pára
Agora, preste atenção nesse detalhe que é, no mínimo, curioso. Quase 40% desses trabalhadores levam até meia hora no trajeto entre a casa e o local de trabalho. Meia hora! Parece pouco quando a gente fala, mas quando você está parado no trânsito, cada minuto vira uma pequena eternidade.
E tem mais: cerca de 15% dos entrevistados disseram que o percurso consome mais de uma hora do seu dia. Um tempo precioso que poderia ser usado com a família, com um hobby, ou simplesmente descansando.
E o Transporte Público?
Aqui a coisa fica meio complicada. Sabe qual é o percentual de pessoas que usam ônibus? Apenas 13,5%. É um número que fala por si só, me parece.
Enquanto isso, uma parcela bem menor — algo em torno de 8% — tem a sorte de poder ir a pé. E os ciclistas? Representam apenas 3,5% dos deslocamentos. Dá pra acreditar?
Para Reflexão
Olhando de fora, esses números pintam um retrato interessante da nossa cidade. Piracicaba, que muitos ainda imaginam como uma daquelas cidades do interior onde tudo é perto, na verdade já vive uma realidade bem diferente.
O estudo do IBGE não entra no mérito das causas, mas qualquer um que circule pela cidade consegue identificar alguns dos desafios: trânsito cada vez mais intenso, horários de pico que se estendem... É como se a cidade tivesse crescido, mas a nossa forma de nos locomover não acompanhou essa evolução.
E aí fica a pergunta que não quer calar: será que não está na hora de repensarmos nossa mobilidade urbana? Porque, convenhamos, passar tanto tempo dentro de um carro não é exatamente o que a gente chama de qualidade de vida.