Imagine cruzar uma rodovia sem precisar reduzir a velocidade para pagar pedágio. Pois é, essa realidade está prestes a chegar à SP-270 (Rodovia Raposo Tavares) no trecho entre Sorocaba e Alumínio. A partir de 15 de outubro, o sistema Free-Flow entra em operação no km 82 — e promete revolucionar (ou pelo menos tentar) a vida de quem trafega por ali diariamente.
Sem catraca, sem stress?
O modelo — que já é velho conhecido em países como Chile e Estados Unidos — dispensa as tradicionais cabines de cobrança. Em vez disso, câmeras e sensores identificam os veículos automaticamente. "É tipo um 'Big Brother' das estradas", brinca um engenheiro do DER-SP, que preferiu não se identificar.
Funciona assim:
- Se você tem tag eletrônica (como Sem Parar ou Veloe): cobrança automática na conta
- Sem tag? A conta chega pelo licenciamento — e olha, multa por não pagar pode dobrar o valor
E os caminhoneiros?
Aqui mora o drama. Quem dirige veículos pesados reclama da falta de claridade nos valores: "Vão enfiar o preço que quiserem e a gente nem vai ver quando passou", protesta João Silva, que faz o trajeto três vezes por semana. A Artesp garante que as tarifas serão divulgadas com antecedência — mas, convenhamos, ninguém segura a ansiedade.
Detalhe curioso: o trecho experimental tem apenas 23 km. "Parece aquela história de colocar o dedo na água pra testar temperatura", comenta uma moradora de Alumínio enquanto abastecia no posto próximo à rodovia.
O que muda na prática?
Além da óbvia economia de tempo — afinal, filas de pedágio em horário de pico são um suplício —, a promessa é reduzir acidentes causados por frenagens bruscas. Mas tem um porém: os mais desconfiados já estão de olho na "taxa de conveniência" embutida no novo sistema.
Enquanto isso, nas redes sociais, o debate esquenta:
- "Finalmente, Brasil entrando no século XXI!"
- "Só acredito vendo. Cadê o desconto por não ter estrutura física?"
- "Vão usar essa tecnologia pra multar também? Tô sentindo cheiro de cilada..."
O DER-SP promete campanhas educativas nas próximas semanas. Resta saber se os motoristas — sempre tão pacientes com mudanças — vão aderir sem resistência. Uma coisa é certa: outubro promete agitação na Raposo Tavares.
