
O que deveria ser mais um dia de aventura pelas águas do Rio Araguaia transformou-se num pesadelo de consequências irreparáveis. Na última terça-feira, um daqueles acontecimentos que a gente nunca imagina viver — até que acontece.
Duas amigas, turistas curtindo as belezas naturais de Goiás, embarcaram num passeio de balsa que cruzaria o imponente rio. Só que o destino, caprichoso e cruel, pregou uma daquelas peças que deixam marcas permanentes.
O Momento do Desespero
Testemunhas ainda parecem não acreditar no que viram. "Foi tudo muito rápido, um barulho seco e o carro simplesmente sumiu da balsa", conta um pescador que preferiu não se identificar — e quem pode culpá-lo, diante de cena tão forte?
O veículo, um Fiat Mobi, escorregou da embarcação como se fosse de brinquedo, mergulhando nas águas turvas do Araguaia. E aqui começa a parte que beira o inacreditável: enquanto o carro afundava, uma das ocupantes conseguiu fazer o que parecia impossível.
A Fuga Improvável
Pelo porta-malas. Sim, você leu direito. Num ato de puro instinto de sobrevivência, a jovem — cuja identidade ainda não foi revelada — conseguiu escapar pelo compartimento traseiro do veículo. Uma manobra que desafia toda lógica, mas que salvou uma vida.
"Ela apareceu na superfície desesperada, gritando pelo nome da amiga", relata outro tripulante da balsa, ainda visivelmente abalado. "A gente tentou ajudar, mas a correnteza estava forte naquele ponto."
A Busca Angustiante
O que se seguiu foram horas de angústia. Equipes do Corpo de Bombeiros mergulharam nas águas do rio, que na região chega a ter profundidades consideráveis. Mergulhadores profissionais, voluntários, todos unidos numa corrida contra o tempo.
Infelizmente, quando encontraram a turista de 21 anos — Simony Rufino Alves, natural de São Paulo — já era tarde demais. Ela ainda foi levada às pressas para o Hospital de Porto Alegre, mas não resistiu. Um final trágico para quem só buscava momentos de lazer.
Ah, e detalhe: o motorista da balsa — um senhor de 68 anos — foi levado para prestar depoimentos. A Polícia Civil já abriu inquérito para apurar as causas do acidente. Será que foi imperícia? Falha mecânica? Má sinalização? As investigações vão mostrar.
Lições que Dói Aprender
Incidentes como esse nos fazem refletir sobre quantas vezes subestimamos os perigos de atividades que parecem rotineiras. Cruzar um rio numa balsa — algo que tantos fazem diariamente — revelou-se fatal.
A sobrevivente, abalada mas estável, recebe assistência psicológica. Imagino o turbilhão de emoções que deve estar sentindo: alívio por estar viva, dor pela amiga perdida, culpa por ter sobrevivido... sentimentos complexos que levarão tempo para processar.
Enquanto isso, familiares de Simony se despedem de uma jovem que partiu muito cedo. E o Rio Araguaia, normalmente sinônimo de vida e recreação, hoje carrega nas suas águas a memória de uma tragédia que ninguém esperava.