
O caso parece saído de um daqueles filmes que ninguém gostaria de ver na vida real. Dois anos se passaram, mas a ferida ainda dói na memória de quem acompanhou de perto a tragédia que mudou famílias inteiras. Agora, a justiça dá mais um passo decisivo.
O motorista daquele Camaro amarelo — sim, aquele carro que chama atenção por onde passa — finalmente vai enfrentar um júri popular. A data marcada: 5 de dezembro deste ano. O motivo? Responder por homicídio duplo na direção de veículo automotor.
O que aconteceu naquela noite fatídica
A coisa toda rolou na Avenida Ville Roy, um daqueles lugares que deveria ser apenas mais um caminho na cidade, não um palco de tragédia. Era 10 de outubro de 2022, uma data que ninguém envolvido esquecerá.
Dois veículos, um encontro brutal. De um lado, o Camaro. Do outro, um Fiat Mobi. Dentro do carro menor, duas vidas cheias de planos: o fisiculturista Ronielson Pereira da Silva, de apenas 25 anos, e sua amiga Maria Clara Feitosa Nascimento, com 21.
O impacto foi tão violento que — pasmem — o Fiat Mobi simplesmente se partiu ao meio. Sim, você leu certo: ao meio. As imagens chocaram até os bombeiros mais experientes.
As vítimas e seus sonhos interrompidos
Ronielson não era apenas um rapaz forte por fora. Quem o conhecia dizia que sua determinação era ainda maior. Malhava pesado, sonhava alto. Já Maria Clara, bem, tinha toda uma vida pela frente — 21 anos é praticamente começar a viver de verdade.
E pensar que um simples deslocamento pela cidade terminou assim... É daquelas coisas que faz a gente refletir sobre como a vida é frágil.
Os dois morreram no local. Nem deram chance para socorro. A cena era tão dramática que até hoje quem passou por lá lembra com um aperto no peito.
O longo caminho até o júri
A justiça não tem pressa, mas parece que não esquece. Dois anos se arrastando por processos, audiências, documentos. Agora, finalmente, o caso chega à etapa mais decisiva.
O promotor Everton Bentes — esse é o nome do homem encarregado de levar a acusação adiante — conseguiu converter a denúncia inicial de homicídio culposo (aquele sem intenção) para doloso (com intenção). Mudança crucial, que aumenta consideravelmente a gravidade do caso.
A decisão saiu da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Boa Vista. O juiz analisou tudo com lupa antes de bater o martelo.
O que levou à mudança na acusação
Parece que não foi apenas um "acidente". As investigações apontaram para algo mais grave: excesso de velocidade consciente, direção perigosa sabendo dos riscos. O promotor argumentou que o motorista assumiu o perigo quando decidiu dirigir daquela forma.
É aquela velha história: todo mundo sabe que carro potente na mão errada vira arma. E quando a arma dispara...
Os peritos foram categóricos. A velocidade na hora do choque era simplesmente incompatível com a via. Algo que beira o inconcebível.
O que esperar do júri
dezembro promete ser um mês tenso no fórum de Boa Vista. Sete cidadãos comuns — gente como a gente — vão precisar decidir sobre a vida de alguém. Peso pesado, não?
O motorista, cujo nome não vou soltar aqui por uma questão de ética (até o julgamento), terá que encarar o olhar dessas pessoas. E pior: o olhar das famílias das vítimas.
Do outro lado, a defesa certamente trará seus argumentos. É o jogo da justiça — cada um com sua verdade.
Enquanto isso, as famílias de Ronielson e Maria Clara seguem esperando. Dois anos já se foram, mas a dor parece ter congelado no tempo. Eles querem justiça, claro. Quem não quereria?
O caso serve como alerta para todos nós. Carro não é brinquedo, velocidade não é desafio, e a vida — ah, a vida — é frágil demais para ser tratada com descuido.
Resta esperar dezembro. E torcer para que a justiça, dessa vez, acerte o passo.