Era pra ser mais uma noite comum. O cansaço do dia de trabalho, a estrada conhecida, o cheiro do vento batendo no rosto. Mas o destino — esse maldito artista do acaso — decidiu pintar o fim dessa história com cores trágicas.
Na última segunda-feira (18), um rapaz de 20 e poucos anos — nome ainda não divulgado — perdeu o controle da motocicleta na região norte de Palmas. O veículo capotou, girou como um pião desgovernado e... bang! O poste estava ali, impassível, esperando seu abraço de concreto.
"Ele só queria chegar em casa"
O primo da vítima, com a voz embargada daquela dor que aperta o peito, contou aos repórteres: "Maluco tava morto de cansado, mas feliz da vida porque tinha fechado mais um dia. A gente combinou até de tomar uma gelada no final de semana...". A frase ficou no ar, inconclusa, como a vida do garoto.
Detalhes que doem:
- Horário: por volta das 22h30 — a noite já havia engolido o sol fazia horas
- Local: Avenida LO-13, trecho conhecido pelos moradores por ter iluminação irregular
- A moto? Honda CG 150, velha guerreira que sobreviveu ao acidente melhor que seu dono
O SAMU chegou rápido, mas já era tarde. Os socorristas fizeram aquele balé frenético de quem tenta desafiar a morte — massagens cardíacas, tubos, comandos secos. Nada. O corpo jovem, que horas antes rira de alguma bobagem no trabalho, agora jazia sob o pano preto que cobre nossos maiores medos.
E agora, José?
Palmas registrou 47 mortes no trânsito só este ano. Quarenta e sete vidas que viraram estatística, número em planilha de órgão público. E a pergunta que não quer calar: quando é que a gente vai parar de tratar isso como "acidente" e começar a chamar pelo nome certo — negligência coletiva?
Enquanto isso, numa casa qualquer da cidade, uma mãe arruma o quarto do filho. Dobra roupas que não serão usadas. Chora sem fazer barulho. E a vida — essa coisa insensata — segue em frente, como se nada tivesse acontecido.
