
Uma cena que parecia saída de outro tempo terminou em tragédia neste sábado (5), na altura do km 177 da Rodovia Presidente Dutra, em Lorena. O choque brutal entre o moderno e o tradicional — uma van colidindo com uma charrete — custou a vida do animal que, até então, puxava o veículo simples com resignada obediência.
Parece até ironia do destino. Enquanto centenas de carros passavam velozes na principal ligação entre Rio e São Paulo, a charrete seguia seu ritmo ancestral, lento e constante, na pista lateral. Até que, por razões ainda sob investigação, uma van invadiu esse espaço de tranquilidade relativa.
O momento do impacto
O baque foi seco, violento. Testemunhas contam que o cavalo — um animal de pelagem escura, ainda não identificado — mal teve tempo de reagir. A van, que seguia no mesmo sentido São Paulo-Rio, atingiu a traseira da charrete com força suficiente para derrubar o equino instantaneamente.
«Foi tudo muito rápido», relatou um motorista que preferiu não se identificar, ainda visivelmente abalado. «Um minuto via o cavalo tranquilo, no seguinte já estava no chão, se debatendo.»
Os socorros que chegaram tarde
A Polícia Rodoviária chegou rapidamente, é verdade. Isolaram a área, desviaram o trânsito — que ficou complicado na pista lateral por umas boas duas horas. Chamaram o resgate animal, fizeram o possível.
Mas o estrago, ah, o estrago era grande demais. O pobre animal, coitado, não resistiu aos ferimentos. Morreu ali mesmo, no asfalto quente da Dutra, cercado pelo barulho ensurdecedor dos caminhões que continuavam sua jornada indiferentes.
E o condutor da charrete?
Eis uma das grandes questões que ficaram no ar. O homem que guiava a charrete, segundo a polícia, simplesmente... desapareceu. Abandonou o animal ferido e sumiu sem deixar rastros. Que história é essa, hein?
«É um comportamento comum, infelizmente», comentou um dos policiais, com certa resignação na voz. «Quando se envolvem em acidentes, muitos condutores de veículos de tração animal temem as consequências e fogem do local.»
O trânsito e as consequências
Enquanto isso, o tráfego na região ficou um caos. A pista lateral — justamente aquela onde circulam veículos mais lentos — ficou completamente interditada durante o resgate. Os motoristas que por ali passavam diminuíam a velocidade, curiosos, alguns visivelmente comovidos com a cena do animal morto na pista.
A van, diga-se, teve danos consideráveis na dianteira. Mas o motorista, pasmem, saiu ileso. Não precisou de atendimento médico, apenas assistiu a tudo com aquela expressão atordoada de quem não consegue acreditar no que acabou de acontecer.
Um final sem respostas
Agora, com o cavalo morto removido e o trânsito normalizado, ficam as perguntas. O que levou o motorista da van a colidir com a charrete? Excessos de velocidade? Distração? E o condutor da charrete — para onde foi? Por que abandonou seu animal?
A Polícia Rodoviária segue investigando os detalhes do acidente. Enquanto isso, na Dutra, a vida continua seu fluxo incessante. Mas a imagem daquele cavalo tombado no asfalto, vítima de um mundo que parece ter esquecido seu ritmo natural, dificilmente sairá da memória de quem testemunhou a cena.