Eis que o mundo da política e da tecnologia colidem mais uma vez — e de forma espetacular. Donald Trump, sempre polêmico, resolveu postar em suas redes sociais um vídeo que deixou muita gente de cabelo em pé. Nele, Barack Obama aparece sendo algemado por agentes federais. Só que tem um detalhe: a cena nunca aconteceu. Foi tudo criação de uma inteligência artificial.
Não é de hoje que os deepfakes — vídeos falsos hiper-realistas — assombram as redes. Mas quando figuras públicas do calibre de Trump começam a espalhar esse tipo de conteúdo, a coisa fica séria. "É um tiro no pé da democracia", dispara um especialista em comunicação digital que preferiu não se identificar.
O vídeo que viralizou
O material em questão mostra Obama — com uma precisão assustadora — sendo levado por policiais. A qualidade é tão boa que, de relance, qualquer um poderia acreditar. Trump apenas compartilhou com os seguidores, sem contextualizar que se tratava de uma simulação.
E aí é que mora o perigo: segundo levantamento do Instituto Reuters, 58% dos brasileiros não conseguem distinguir conteúdo real de gerado por IA. Assustador, não? A gente vive numa era em que "ver para crer" já não funciona mais.
Reações acaloradas
Nas redes, o burburinho foi geral. De um lado, apoiadores de Trump comemorando "a justiça sendo feita". Do outro, críticos acusando o ex-presidente de alimentar teorias conspiratórias. "Isso aqui é pura armação digital", esbravejou um usuário no X (antigo Twitter).
Já os especialistas em tecnologia ficaram de cabelo em pé. "Quando líderes políticos disseminam deepfakes, normalizam a desinformação", alerta Maria Fernanda, pesquisadora de mídias digitais. Ela tem um ponto — nos últimos três meses, os casos de vídeos falsos na política aumentaram 240%.
O jogo perigoso da IA
O episódio reacende o debate sobre os limites da inteligência artificial. Afinal, até onde vai a liberdade de expressão quando a tecnologia pode criar realidades alternativas? Alguns estados americanos já discutem leis específicas para criminalizar deepfakes maliciosos.
Enquanto isso, plataformas como Meta e X patinam para conter a enxurrada de conteúdo sintético. "É como tentar tapar o sol com a peneira", brinca — sem graça — um moderador de redes que trabalha no anonimato.
O caso Obama-Trump pode ser só a ponta do iceberg. Com eleições importantes se aproximando pelo mundo, incluindo nos EUA, o temor é que a IA vire arma política. "Vamos precisar de muito mais que fact-checking", prevê um analista. "Precisamos é de educação digital urgente."
