
Eis uma reviravolta que poucos no mercado esperavam — quem diria que a administração Trump, conhecida por seu tom disruptivo, fecharia um acordo tão íntimo com uma gigante da tecnologia? Pois é, aconteceu.
Numa jogada que mistura geopolítica, tecnologia e muito, muito dinheiro público, o governo americano desembolsou nada menos que US$ 10,3 bilhões em subsídios diretos para a Intel. A grana é parte do famoso CHIPS Act, aquele pacote aprovado ainda sob Biden, mas que agora — ironia ou estratégia? — ganha contornos trumpistas.
Não é pouca coisa. O valor é um dos maiores da história recente dos EUA em subsídios a uma empresa privada. E a intenção por trás disso é clara: trazer de volta para solo americano a produção de semicondutores, those tiny chips que rodam desde seu celular até sistemas de defesa.
Mas por que a Intel?
A empresa, que já foi a rainha absoluta dos chips, vinha perdendo espaço para rivais como a TSMC, da Taiwan, e a Samsung, da Coreia do Sul. A dependência americana de chips asiáticos — principalmente taiwaneses — virou uma questão de segurança nacional. E Trump, sabendo ou não, pegou carona num projeto que já estava nos trilhos.
O acordo prevê que a Intel use parte dessa verba para construir ou expandir fábricas em quatro estados: Arizona, Novo México, Ohio e Oregon. Só no Ohio, o investimento total deve bater US$ 100 bilhões. É dinheiro que, dizem, vai criar mais de 30 mil empregos — algo que o ex-presidente adora anunciar.
Não é só grana, tem contrapartida
Claro, não é um cheque em branco. A Intel se comprometeu a priorizar a produção de chips para o governo americano, especialmente para o setor de defesa. Também terá de seguir uma série de regras trabalhistas e — pasme — limitar recompras de ações e restringir dividendos. Algo raro em acordos desse tipo.
Além disso, o governo garantiu opções de compra de ações da Intel, o que, se tudo der certo, pode render lucros aos cofres públicos. Quem diria, hein? Um governo republicano fazendo o Estado virar acionista de empresa de tecnologia.
O momento é delicado. A China observa. A Taiwan respira fundo. E a Europa, que também quer sua indústria de chips, agora corre atrás. A globalização dos semicondutores entrou em rota de colapso — e os EUA querem garantir seu lugar nesse novo tabuleiro.
Resta saber se a estratégia vai funcionar. Fabricar chips de ponta exige não só dinheiro, mas tempo, expertise e uma cadeia de suprimentos complexa. A Intel prometeu começar a produzir em larga escala até 2026. Até lá, o mundo tecnológico já terá mudado de novo.
Uma coisa é certa: a guerra pelos chips — esses minúsculos corações da tecnologia moderna — acaba de ganhar um capítulo surpreendente. E Trump, de algum modo, está no centro dele.