
Parecia o dia perfeito. Aquele tipo de evento que todo político sonha — fita cortada, sorrisos para as câmeras, promessas de uma cidade melhor. Mas, caramba, como as coisas podem desandar rápido.
Tarcísio de Freitas estava lá, todo empolgado, inaugurando o tão esperado BRT na zona leste de São Paulo. Só que tinha um pequeno — enorme, na verdade — detalhe: as obras nem estavam concluídas. E pior: o governador sabia disso.
O Jogo Perigoso das Apostas Políticas
O que se viu foi uma encenação digna de novela. Enquanto Tarcísio cortava a fita simbólica, logo atrás dele… obras inacabadas. É como anunciar um bolo pronto quando a massa ainda está crua no forno.
O pior? A equipe do governo tinha conhecimento técnico de que faltavam coisas essenciais. Itens de segurança, sinalização — aqueles detalhes chatos que, sabe, evitam acidentes e mortes.
Os Bastidores que Ninguém Viu
Dizem que nos corredores do Palácio dos Bandeirantes rolavam conversas tensas. De um lado, os técnicos alertando: "Governador, não é hora". Do outro, a assessoria política insistindo: "Precisamos dessa vitória agora".
E Tarcísio? Escolheu o caminho arriscado. Apostou que ninguém notaria os detalhes faltantes, que a imagem positiva do anúncio abafaria as vozes técnicas.
Mas em política, como na vida, a verdade sempre aparece. E quando apareceu, veio com gosto de derrota.
Quando a Pressa Vira Inimiga
O que me faz pensar: por que tanta pressa? Será que valia a pena queimar uma conquista real por um anúncio prematuro?
Os especialistas em transporte que conversei foram unânimes: inaugurar obra inacabada é receita para desastre. E não falamos só de constrangimento político — falamos de vidas em jogo.
- Estações sem acessibilidade completa
- Sinalização de trânsito incompleta
- Falta de integração com outros modais
- Itens de segurança essenciais pendentes
Parece lista de supermercado, mas são itens que separam o transporte profissional do amadorismo perigoso.
O Preço da Impaciência
O resultado? Em vez de manchetes positivas, Tarcísio enfrentou críticas de todos os lados. A oposição — claro — aproveitou a deixa. Mas até aliados ficaram constrangidos com a situação.
E o povo? Ah, o povo sempre percebe. O cidadão que pega ônibus todo dia sabe quando uma obra está pronta de verdade. Não engana fácil.
Lição Aprendida?
Resta saber se o governador aprendeu com esse tropeço. Política não é só sobre vencer — é sobre como você vence. E às vezes, esperar um pouco pode ser a jogada mais inteligente.
Enquanto isso, São Paulo continua esperando por um BRT de verdade. Completo, seguro, funcional. Porque no fim das contas, é isso que importa: transporte que funcione para quem precisa.
E Tarcísio? Bem, ele aprendeu da maneira dura que algumas vitórias prematuras podem custar mais que derrotas.