Presidente de CPI ameaça jornalista: “Se fotografar tela de celular, suspendo acesso”
Presidente de CPI ameaça jornalista por foto de celular

O clima esquentou de verdade naquela sala com ar condicionado no último degrau da eficiência. O senador — vamos chamá-lo de 'o chefão da comissão' — simplesmente perdeu as estribeiras. Não foi um mero desentendimento, foi algo digno de filme.

E o motivo? Um celular. Mais precisamente, a tela de um celular que um repórter, fazendo seu trabalho, tentou capturar com sua câmera. Na visão do parlamentar, aquilo não era apuração jornalística, era uma violação descarada. "Se eu ver uma câmera apontada para a tela de um telefone novamente, o acesso de vocês aqui dentro está suspenso. Ponto final." A ameaça ecoou pela sala, deixando aquele silêncio pesado no ar.

O que estava na tal tela? Eis a questão que vale um milhão. A comissão mexe com um vespeiro dos grandes — investigações sensíveis que podem atingir figuras poderosas. A justificativa do senador foi a "privacidade" e a "segurança das informações". Mas você aí, me diz: será que era só isso? Ou o calo apertou de verdade com a possibilidade de um print vazar?

O jogo de poder por trás das câmeras

É sempre a mesma ladainha. De um lado, a imprensa, que tem o dever — e o direito — de informar. Do outro, autoridades que, vez ou outra, tratam transparência como um estorvo. O pano de fundo aqui é pesado: uma CPI que pode desembocar em denúncias graves.

O recado do presidente foi claro: aqui quem manda sou eu. E pasme: ele ainda insinuou que a equipe de reportagem já tinha sido advertida antes. "Não é a primeira vez que isso acontece", disparou, num tom que não deixava margem para discussão.

O que mais chama atenção, pra ser sincero, é o timing. A coisa tá preta, as investigações avançam, e do nada surge essa celeuma com a imprensa. Coincidência? Difícil acreditar. Parece mais uma cortina de fumaça, uma tentativa de controlar o que pode ou não vir a público.

E agora, José?

Fica a pergunta no ar: até onde vai o direito de um parlamentar de restringir o trabalho da imprensa? Proteger dados sensíveis é uma coisa. Usar isso como desculpa para cercear o jornalismo investigativo é outra completamente diferente.

O pior é que isso cria um precedente perigosíssimo. Se every parlamentar resolver bancar o dono da verdade e ameaçar cortar acesso, a gente volta à idade das trevas da informação. O debate público sai perdendo. E, no fim das contas, é o cidadão comum quem se ferra, ficando no escuro sobre o que realmente acontece nos corredores do poder.

O fato é que a relação entre imprensa e política nunca foi um mar de rosas — e tá longe de ser. Mas episódios como esse mostram o quanto o jogo ainda é sujo. Fica o registro, e o alerta: quando tentam calar quem mostra o jogo, é porque a jogada é ainda mais pesada do que imaginamos.