Parece que a fila andou rápido demais para alguns. Mal completou-se um mês desde que o governo do Paraná aprovou um decreto facilitando a obtenção de placas especiais para veículos oficiais, e eis que catorze deputados estaduais já correram para garantir esse privilégio nas ruas.
O que me deixa pensativo: será que tanta urgência tem justificativa plausível ou estamos diante daquela velha máxima de que poder atrai privilégio?
O Decreto que Abriu as Portas
Em setembro, o Executivo estadual publicou o Decreto nº 1.428 — uma mudança aparentemente técnica que, na prática, simplificou sobremaneira o processo para que autoridades obtenham essas placas diferenciadas. O documento permite que veículos oficiais e de servidores em funções específicas circulem com identificação que não segue o padrão comum.
E adivinhem só? Os parlamentares não perderam tempo. Foi questão de dias para que os primeiros pedidos começassem a chegar.
Quem São os Interessados?
Aqui mora um detalhe curioso: a Assembleia Legislativa preferiu não revelar quais deputados fizeram a solicitação. Alegam — pasmem — "segurança das autoridades". Parece irônico, não? Num regime que se pretende transparente, o cidadão fica sem saber quem são seus representantes que optaram por trafegar de forma menos identificável.
Imagino o cidadão comum, que paga impostos e tem seu carro completamente exposto ao escrutínio público, enquanto isso...
O Jogo dos Porquês
Vamos ser francos: em tempos de violência urbana, a segurança de autoridades é, sim, uma preocupação legítima. Mas será que todos os catorze deputados enfrentam riscos reais que justifiquem o anonimato sobre rodas? Ou estamos normalizando um privilégio que deveria ser exceção, não regra?
A sensação que fica é que virou moda entre a classe política — todo mundo quer, porque todo mundo pode.
Transparência em Ponto de Interrogação
O mais espinhoso nessa história toda é o sigilo. Quando as instituições se fecham em copas sobre informações que deveriam ser públicas, alimentam-se teorias e desconfianças. O cidadão fica se perguntando: o que há para esconder?
Afinal, placas especiais não são meros adesivos decorativos — são instrumentos que podem, na prática, dificultar a fiscalização do próprio poder público sobre seus agentes.
E Agora, José?
O caso das placas secretas no Paraná acende um alerta vermelho sobre como privilégios são distribuídos na máquina pública. Enquanto o cidadão comum enfrenta filas, burocracia e total exposição, uma portaria parece bastar para que alguns obtenham benefícios com agilidade impressionante.
Restam dúvidas que cheiram a mofo: quantos mais irão aderir a essa moda? Onde será traçada a linha entre necessidade real e mero capricho? E você, leitor, o que pensa sobre essa história?
