
Não foi uma reunião ordinária de gabinete, muito menos um evento protocolar qualquer. Na tarde desta segunda-feira (26), os corredores do poder presidencial testemunharam uma cena no mínimo peculiar: figurões do primeiro escalão posando — todos alinhados — com bonés estampando aquele que talvez seja um dos slogans mais ressignificados dos últimos anos.
E não, não era nenhuma campanha pública ou iniciativa governamental oficial. Mas a imagem, que rapidamente vazou para além dos limites do Planalto, fala mais que mil discursos políticos. Cada ministro, com seu jeito próprio de usar o acessório — alguns mais descontraídos, outros visivelmente menos à vontade — transformou uma simples foto 3x4 num statement cheio de camadas.
Um Símbolo Carregado de Significado
Quem acompanha o noticiário político nos últimos anos sabe: a frase «O Brasil é dos brasileiros» ecoou forte em determinados círculos e contextos. Agora, vê-la estampada na cabeça de ministros de um governo com perfil ideológico oposto é, no mínimo, curioso. Seria uma tentativa de resgate? Apropriação de narrativa? Ou apenas um gesto despretensioso?
O silêncio oficial sobre o motivo do uso dos bonés só aumenta a especulação. Fontes próximas ao Palácio dizem que a ideia partiu de assessores de comunicação, numa tentativa de humanizar a imagem dos ministros — mostrar que são «gente como a gente», que usam boné, que sorriem, que não levam tudo a ferro e fogo.
Mas é claro que nas redes sociais a repercussão foi imediata e polarizada. De um lado, os que acham a cena constrangedora e forçada. De outro, os que defendem o tom descontraído. E no meio, uma pergunta que não quer calar: numa semana repleta de desafios econômicos e sociais, era mesmo isso o que demandava a atenção da cúpula do governo?
Além da Foto: O Que Fica?
Para além do debate sobre oportunidade ou não, o episódio levanta uma discussão mais profunda sobre simbologia e comunicação política em tempos de polarização extrema. Gestos aparentemente pequenos são lidos, dissecados e interpretados à exaustão — e não há como controlar todas as narrativas.
Resta saber se a estratégia — se é que houve uma — vai sair como planejado ou se voltará como um boomerangue. Por enquanto, o que temos é a imagem: dezenas de bonés, sorrisos hesitantes e um slogan que, queiramos ou não, já entrou para o imaginário político nacional.
E você, o que acha? Jogo de cena ou puro improviso?