Em uma cena que chamou a atenção no plenário da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) encontrou-se em situação constrangedora durante a discussão de um projeto que trata da quebra de sigilo fiscal. O parlamentar, conhecido por suas posições alinhadas ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, defendeu uma tese que acabou por isolá-lo politicamente.
O debate que deixou o deputado falando sozinho
O ponto central da discussão era a possibilidade de quebra do sigilo fiscal sem necessidade de autorização judicial prévia. Eduardo Bolsonaro argumentou que a Receita Federal já teria esse poder, equiparando-a a outros órgãos com poder de polícia.
"A Receita Federal tem poder de polícia. Ela pode, por exemplo, fazer uma abordagem em um caminhão e pedir a documentação", afirmou o deputado, tentando sustentar sua posição perante os colegas.
O silêncio constrangedor dos aliados
O que mais surpreendeu observadores políticos foi a reação - ou a falta dela - da própria base governista. Enquanto Eduardo discursava, nenhum dos deputados presentes no plenário se manifestou para apoiar seu argumento. Nem mesmo parlamentares tradicionalmente alinhados à família Bolsonaro vieram em seu socorro.
O isolamento ficou ainda mais evidente quando o deputado Bibo Nunes (PL-RS), normalmente um aliado próximo, preferiu não endossar publicamente a tese defendida por Eduardo.
As críticas que ecoaram no plenário
Diferente do silêncio dos aliados, as vozes contrárias não se calaram. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi um dos que contestou frontalmente a argumentação de Bolsonaro:
"Não é possível confundir a atividade de fiscalização com poder de polícia. A Receita Federal não tem poder de polícia. Ela tem poder de fiscalização, que é diferente", rebateu o parlamentar.
O contexto político do projeto
A discussão ocorreu durante a análise do Projeto de Lei 2.148/2023, que busca regulamentar o compartilhamento de dados sigilosos entre órgãos de fiscalização. O texto original já havia sido aprovado pelo Senado e seguia para votação na Câmara.
O episódio revela as divisões e tensões mesmo dentro da base que deveria ser coesa, mostrando que certos temas sensíveis, como privacidade e poder do Estado, podem criar fissuras inesperadas no cenário político.
As implicações para o futuro político
Este não é o primeiro momento de isolamento político vivido por Eduardo Bolsonaro. O deputado, que já foi presidente da Comissão de Relações Exteriores, tem enfrentado dificuldades para construir consensos mesmo dentro de seu próprio campo ideológico.
O caso evidencia os desafios que representantes da família Bolsonaro enfrentam no Congresso atual, onde antigas alianças parecem não ser mais tão sólidas como antes.