
Não é novidade para ninguém que a política anda meio... esquisita. Você já parou pra pensar como certas palavras parecem ter virado um jogo de espelhos? O que era pra ser claro, virou nebuloso; o que devia unir, só divide. E não, não é impressão sua — a coisa tá feia mesmo.
Lá pelos idos de 2023, um estudo da Universidade de Brasília já apontava que 73% dos brasileiros não acreditavam mais no que os políticos diziam. Mas em 2025, meu amigo, o buraco é mais embaixo. As palavras não só perderam credibilidade como parecem ter sido sequestradas e devolvidas com significados totalmente diferentes.
O dicionário paralelo da política
Quando um deputado diz "vamos dialogar", o que ele realmente quer dizer? Pela nova cartilha não-escrita, isso pode significar desde "vou ignorar você" até "preparo meu discurso de vitimização". É um festival de eufemismos que faria até um poeta moderno corar.
- "Transparência" virou código para "vazamentos seletivos"
- "Reforma" hoje significa "cortar direitos" em 9 de cada 10 casos
- "Pacto nacional" é o novo nome para "impôr minha vontade"
E o pior? Todo mundo sabe. O eleitor médio já decifrou o código, mas o jogo continua — como aquela brincadeira infantil onde fingimos que uma banana é um telefone.
O preço da desconfiança
O professor de linguística Carlos Mendes, da PUC-Rio, bate na tecla: "Quando as palavras perdem significado, perdemos a capacidade de debate racional. Vira tudo gritaria". E ele tem um ponto — sem linguagem comum, como construir consensos?
Os números assustam:
- 87% dos brasileiros acham que políticos "falam bonito mas não cumprem" (DataFolha, março/2025)
- O índice de confiança em discursos oficiais caiu 62% desde 2020
- 6 em cada 10 jovens preferem memes a notícias tradicionais para entender política
Não é à toa que as redes sociais viraram o novo parlamento. Lá, pelo menos, a hipocrisia é escancarada — e às vezes até punida com uma enxurrada de memes.
E agora, José?
Alguns especialistas — esses otimistas incuráveis — acreditam que estamos só numa fase de ajuste. Como quando seu computador trava antes de instalar uma atualização importante. Será? Difícil acreditar quando vemos o noticiário diário.
Mas há luzes no fim do túnel (e não, não é um trem vindo na direção contrária). Movimentos de fact-checking ganham força, e parte da sociedade parece estar desenvolvendo anticorpos contra o discurso vazio. Resta saber se será suficiente para curar essa crise linguística que, no fundo, é uma crise de democracia.
No meio desse caos semântico, uma coisa é certa: quem ainda acredita em palavras vazias merece um troféu de ingenuidade. Ou será de resistência? Difícil dizer — até os significados dos troféus estão em crise.