Centrão dá prazo até março para Flávio Bolsonaro e avalia apoio a Lula
Centrão dá prazo para Flávio Bolsonaro e flerta com Lula

O bloco parlamentar conhecido como Centrão, crucial para as votações no Congresso Nacional, definiu um prazo para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A expectativa é que o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro consiga demonstrar viabilidade eleitoral até março de 2026. Caso contrário, o grupo deve buscar outro nome para apoiar na disputa pela Presidência da República.

Plano original em banho-maria

Originalmente, a principal aposta do Centrão era o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). A preferência era que ele concorresse com o aval de Jair Bolsonaro, seu padrinho político. No entanto, esse plano foi temporariamente suspenso após o anúncio de Flávio Bolsonaro como o escolhido do pai para a sucessão presidencial.

A reação inicial de líderes influentes do bloco, como o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antonio Rueda, foi de ceticismo. Eles não consideram a candidatura de Flávio competitiva o suficiente para impedir uma eventual reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O desafio de Flávio e o prazo de março

Apesar das dúvidas, os caciques do Centrão e da direita decidiram conceder um prazo ao senador. O limite estabelecido é março, mês anterior à data em que governadores que desejam disputar o Planalto precisam deixar os cargos, em abril. Essa regra afeta nomes como Tarcísio, Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr (Paraná).

Uma pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 16 de dezembro de 2025, deu algum fôlego à pré-candidatura de Flávio. Em uma simulação de primeiro turno, ele aparece em segundo lugar, com 23%, atrás de Lula, com 41%, e à frente de Tarcísio, com 10%.

No entanto, integrantes do Centrão apontam que a rejeição do senador é maior do que a do governador paulista, que teria um potencial de crescimento mais expressivo. Até março, Flávio terá a missão de conquistar o eleitor moderado, suavizar sua imagem e, principalmente, convencer os antigos aliados de seu pai de que pode vencer a eleição.

O flerte do Centrão com Lula

Conhecido por sua flexibilidade e capacidade de se alinhar a governos de diferentes espectros, o Centrão não é um bloco homogêneo. Com a recuperação da popularidade de Lula, o grupo intensificou a aproximação com o presidente.

Um termômetro dessa mudança é a percepção dos próprios deputados federais. Uma pesquisa do Genial/Quaest mostrou que, em junho, 50% dos parlamentares acreditavam que a oposição venceria a eleição, contra apenas 35% que citavam Lula. Agora, a disputa está praticamente empatada, com 43% a favor do petista e 42% apostando na oposição.

Entre os deputados independentes, que não estão formalmente alinhados ao governo ou à oposição, a virada é ainda mais significativa. Em junho, 62% deles acreditavam que Lula não conseguiria a reeleição, contra 23% que pensavam o contrário. Atualmente, 40% veem o presidente como favorito, enquanto 30% citam a oposição. Esse grupo, conhecido por farejar o poder, indica uma mudança no rumo dos ventos políticos em Brasília.