O Congresso Nacional está vivendo aqueles momentos de tensão discreta — sabe como é — onde um projeto aparentemente técnico esconde uma verdadeira guerra política nos bastidores. E o PL da Dosimetria, que trata da regulamentação de radiação ionizante, virou peça central nesse xadrez.
O Centrão, aquela base aliada do governo Lula que todo mundo conhece, está com as antenas ligadas. E não é por pouco. Eles temem, e com certa razão, que o texto possa afetar setores importantes da economia brasileira. O agro, claro, é um deles. Mas a coisa vai além.
O que está em jogo, afinal?
Parece complicado, mas vou simplificar: a proposta estabelece normas para controle de exposição à radiação. Soa técnico, né? Mas espere aí. Na prática, mexe com setores que vão desde a saúde até a indústria. E é aí que o bicho pega.
Os parlamentares do centrão estão com o pé atrás. Eles receberam um verdadeiro bombardeio de informações — algumas contraditórias, diga-se de passagem — sobre os possíveis impactos econômicos. A ansiedade é palpável nos corredores do Congresso.
As preocupações que ninguém fala
O que mais preocupa esses políticos experientes? Bom, são três pontos principais que ouvi de fontes bem colocadas:
- O temor de criar burocracia excessiva para setores já sobrecarregados
- A possibilidade de inviabilizar economicamente atividades médicas e industriais
- O risco de afugentar investimentos em tecnologia de ponta no país
Não é pouca coisa. E olha que tem mais: há uma desconfiança generalizada sobre as origens dessas pressões contrárias ao projeto. De onde vêm? Quem financia? São perguntas que ecoam nos gabinetes.
Arthur Lira no centro da tempestade
O presidente da Câmara, Arthur Lira, sabe que está diante de uma situação delicada. Como um maestro experiente, ele tenta equilibrar as diferentes pressões. De um lado, o governo federal querendo avançar; do outro, sua base pedindo cautela.
Lira, aliás, já demonstrou sua habilidade política em momentos assim. Ele não é novato nesse negócio de navegar em águas turbulentas. Mas desta vez a maré está particularmente complicada.
O que me surpreende — e deveria surpreender a todos — é como um assunto aparentemente técnico consegue mobilizar tantos interesses políticos. É para pensar, não é?
Os próximos passos desse jogo
O Centrão está se organizando, isso é claro. Eles querem tempo para analisar cada vírgula do texto. Não vão deixar passar nada sem uma discussão profunda. A estratégia? Ganhar tempo e construir consensos.
Enquanto isso, setores empresariais respiram aliviados com a postura cautelosa dos parlamentares. Eles temiam mudanças bruscas que poderiam — como um de meus contatos disse — "virar o setor de cabeça para baixo".
A verdade é que ninguém quer correr riscos desnecessários. E no Congresso, quando o Centrão pisa no freio, é melhor todos prestarem atenção. A dança política apenas começou, e promete muitos capítulos pela frente.
O que vai sair disso tudo? Só o tempo — e muitas negociações nos bastidores — dirão. Mas uma coisa é certa: o PL da Dosimetria virou muito mais que um projeto técnico. Virou um termômetro do poder político em Brasília.
