Enquanto fábricas ao redor do mundo paralisavam suas produções por conta da escassez global de semicondutores, o Brasil conseguiu manter suas linhas de montagem funcionando. Em entrevista exclusiva ao JR Entrevista, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, revelou os bastidores dessa estratégia bem-sucedida que evitou um colapso no setor automotivo nacional.
A tempestade perfeita que não chegou ao Brasil
Nos últimos anos, a indústria automotiva global enfrentou seu maior desafio desde a pandemia: a grave escassez de chips. Componentes essenciais para veículos modernos, desde sistemas de entretenimento até controles de segurança, simplesmente desapareceram do mercado internacional.
"Enquanto vimos fábricas na Europa, Ásia e América do Norte parando completamente, o Brasil seguiu produzindo", destacou Leite durante a conversa.
Os três pilares da estratégia brasileira
O sucesso nacional frente a essa crise global não foi obra do acaso. Segundo o presidente da Anfavea, três fatores foram determinantes:
- Diversificação de fornecedores: A indústria nacional não dependia exclusivamente dos grandes produtores asiáticos afetados pela crise
- Planejamento antecipado: As montadoras previram os riscos e agiram antes do agravamento da situação
- Relacionamento estratégico: Parcerias consolidadas com fornecedores garantiram prioridade nos embarques
Um setor que aprendeu com as crises anteriores
Márcio de Lima Leite enfatizou que as lições aprendidas durante a pandemia foram cruciais para enfrentar este novo desafio. "A experiência recente nos ensinou a importância de ter cadeias de suprimentos mais resilientes e diversificadas", explicou.
O executivo destacou ainda que, diferente de outros países onde a produção parou completamente por semanas, o Brasil conseguiu manter um ritmo constante, ainda que em alguns momentos tenha sido necessário ajustar a produção de modelos específicos.
O que esperar para o futuro?
Segundo a Anfavea, a situação dos semicondutores deve se normalizar gradualmente ao longo de 2026, mas as lições dessa crise já estão sendo incorporadas permanentemente às estratégias das montadoras.
"Não voltaremos ao modelo anterior. A diversificação de fornecedores e o estoque estratégico se tornaram prioridades permanentes", afirmou Leite.
Enquanto muitos países ainda lidam com os efeitos da escassez de chips, o caso brasileiro se tornou um exemplo de como a antecipação de crises e relacionamentos comerciais sólidos podem fazer a diferença em momentos críticos para a indústria.