
Eis que a política pernambucana mergulha em mais um capítulo turbulento — e dessa vez, o cenário é a guerra digital. Na tarde desta quarta-feira (21), o assessor especial do governo estadual, Danilo Cabral, pediu exoneração do cargo. Mas não foi um pedido qualquer: foi um movimento quase estratégico, uma resposta a uma acusação bombástica que ecoou pelos corredores do poder.
O estopim? Nada menos que o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Aluísio Lessa, soltou a voz — e a acusação — em pleno horário nobre da política local. Durante uma sessão ordinária, ele afirmou, sem meias-palavras, que Danilo integrava uma milícia digital que estaria por trás de ataques coordenados contra parlamentares.
Imagina só o rebuliço. Um assessor direto do governo, ligado à gestão de Raquel Lyra, sendo publicamente apontado como peça de um esquema de perseguição virtual. Lessa não poupou detalhes: disse que os ataques partiam de perfis falsos, que disseminavam desinformação e tentavam calar vozes dissonantes.
O pedido de exoneração veio rápido — talvez rápido demais.
Danilo Cabral não esperou o noticiário esfriar. Horas depois do discurso inflamado de Lessa, ele encaminhou um pedido formal de exoneração. Mas não se engane: não foi um gesto de admissão de culpa. Pelo contrário. Em suas redes sociais, ele negou veementemente as acusações e afirmou que a decisão partiu dele — uma tentativa de “não prejudicar a imagem do governo”.
Algo como: “Não fiz nada, mas saio para não virar peso”. Será?
E o governo, como ficou nessa?
A governadora Raquel Lyra ainda não se manifestou publicamente. Seu silêncio, diga-se de passagem, parece mais estratégico do que omisso. Mas fontes próximas ao Palácio do Campo das Princesas admitem que a situação pegou todos de surpresa. Afinal, acusações desse tipo não são pequenas — e num momento em que as milícias digitais viram tema nacional, a coisa fica ainda mais quente.
Não é de hoje que a Alepe vive um clima de tensão. Lessa, que é do PSB, e Raquel Lyra, do PSDB, já não eram exatamente melhores amigos. Mas desta vez, o tom foi outro: direto, pessoal e com consequências imediatas.
Resta saber se essa exoneração acalmará os ânimos — ou se é só o começo de uma crise ainda maior. Por trás dos perfis falsos e das denúncias, o que há de fato? Uma operação organizada ou apenas mais um episódio da guerra política tradicional, agora armada com bots e redes sociais?
Pernambuco aguarda. E o Brasil também.