Um espetáculo luminoso surpreendeu moradores do interior de São Paulo nesta semana. Esferas brilhantes foram avistadas e registradas no céu, em um fenômeno que especialistas comparam às "joias do infinito" dos filmes da Marvel. O evento, na verdade, é a chuva de meteoros Geminídeas, considerada a mais intensa do ano.
O registro do fotógrafo
O fotógrafo profissional Marcel Sachetti, morador de Presidente Prudente (SP), foi quem capturou as imagens. Ele contou que avistou as luzes na noite de quarta-feira (17), por volta das 21h30, ao retornar de uma caminhada com a namorada.
"Vimos duas grandes esferas brilhantes em movimento no horizonte. Era lindo, mas como as luzes se comportavam de forma anômala, decidi que valeria a pena tentar registrar", relembra Sachetti. Ele passou quase duas horas tentando capturar o fenômeno, utilizando uma lente de longo alcance para isolar e dar melhor visibilidade aos objetos.
"As esferas surgiam, se movimentavam, apagavam e reapareciam. Só olhando as fotos na câmera foi possível observar que elas mudavam de forma. No computador, vimos que era ainda mais 'estranho'", detalha o fotógrafo sobre as imagens que viralizaram.
Explicação científica para o fenômeno
O professor de física Rodrigo Raffa, responsável pelo Centauri, Clube de Astronomia de Itapetininga (SP), explicou ao g1 o que foi observado. Trata-se da chuva de meteoros Geminídeas, um evento anual.
"Como se trata de uma constelação zodiacal, o seu radiante pode ser visto de qualquer latitude em território nacional", explicou Raffa. O pico da chuva ocorreu entre os dias 13 e 14 de dezembro, mas alguns meteoros esporádicos ainda eram visíveis na noite do dia 17, quando Sachetti fez o registro.
A Associação de Astronomia de Mariápolis (SP) complementou que, durante o pico, a Lua estava em fase minguante e apenas 23% iluminada, condição ideal para a observação. Em locais com pouca poluição luminosa, como zonas rurais, foi possível ver uma quantidade maior de meteoros.
Como observar e registrar meteoros
O professor Rodrigo Raffa dá dicas para quem quer observar o fenômeno: não é necessário telescópio, a observação a olho nu já é eficaz. Para registros fotográficos, ele recomenda paciência, uso de um tripé e configuração da câmera no modo de longa exposição para capturar os rastros luminosos.
O Observatório Nacional divulgou que, em condições ideais (céu limpo, longe das cidades e sem Lua), a previsão para o pico da Geminídeas no estado de São Paulo era de até 46 rastros luminosos por hora.
A origem incomum das Geminídeas
Diferente da maioria das chuvas de meteoros, que são causadas por fragmentos de cometas, as Geminídeas têm uma origem peculiar. Elas são formadas por partículas (grãos de poeira e pequenas pedras) que vêm do asteroide 3200 Faetonte.
Este asteroide, misteriosamente, deixa uma esteira de material ao longo de sua órbita. Quando a Terra cruza essa esteira, as partículas entram na atmosfera em grande número, criando a impressão de que emanam de um mesmo ponto no céu, o chamado "radiante".
Outros fenômenos no céu paulista
Além das Geminídeas, outros eventos chamaram a atenção. Moradores de cidades como Bauru e Guarantã relataram luzes enfileiradas e piscantes no céu na noite de sexta-feira (13). Segundo Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório de Astronomia de Bauru, essas luzes eram satélites de internet recém-lançados, que permanecem temporariamente alinhados em órbita antes de se dispersarem para suas posições definitivas.
Os especialistas também estão de olho em outro evento histórico: o lançamento do primeiro foguete orbital em solo brasileiro, uma parceria entre Brasil e Coreia do Sul. O lançamento, que já foi adiado por questões técnicas, pode ocorrer até segunda-feira (22) no Centro de Lançamento de Alcântara (MA). A missão abre espaço para cargas experimentais e testes tecnológicos, marcando um novo capítulo para o programa espacial nacional.