
Imagine um lugar onde cada leito hospitalar tem que dar conta de uma multidão equivalente à lotação de um estádio de futebol médio. Pois é exatamente essa a realidade absurda que o Hospital das Clínicas da Unicamp enfrenta neste momento.
Os números são de arrepiar: 44 mil pessoas por leito. Você leu certo - não é um erro de digitação. Enquanto a média dos hospitais de ensino do interior paulista gira em torno de 19 mil pacientes por leito, a Unicamp simplesmente dobrou esse índice.
O retrato da crise
Dados do próprio governo estadual revelam que a situação na Unicamp é a mais crítica entre todos os hospitais de clínicas do interior. E olha que a concorrência nesse ranking macabro não é nada fácil.
- O HC da Unicamp atende uma população estimada em 6,6 milhões de pessoas
- Possui apenas 150 leitos para internação
- A relação chega a 44.000 habitantes por leito
"É como tentar apagar um incêndio florestal com um borrifador de plantas", comenta um médico que preferiu não se identificar. A analogia pode parecer exagerada, mas quem vive o dia a dia do hospital sabe que não está longe da realidade.
Comparações que assustam
Enquanto isso, outros hospitais da região apresentam números menos assustadores - se é que podemos chamar assim. O Hospital de Base de São José do Rio Preto, por exemplo, tem 25 mil pessoas por leito. Já o Conjunto Hospitalar de Sorocaba fica com 18 mil.
E aí vem a pergunta que não quer calar: como chegamos a esse ponto? Especialistas apontam para um coquetel explosivo de fatores:
- Falta crônica de investimentos na saúde pública
- Centralização excessiva de serviços especializados
- Crescimento populacional desordenado na região
- Dificuldades na ampliação da infraestrutura hospitalar
O resultado? Pacientes esperando dias por um leito, profissionais de saúde no limite do esgotamento e um sistema que parece prestes a colapsar a qualquer momento.
Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #SOSUnicamp começa a ganhar força. Será que esse grito de alerta vai encontrar eco nos corredores do poder? A população da região torce - e sofre - para que sim.