
O Brasil acorda hoje entre duas notícias que, de tão diferentes, parecem vindas de universos paralelos. De um lado, uma tragédia sanitária que não para de crescer. Do outro, uma mudança que promete revolucionar - para bem ou para mal - como os brasileiros tiram sua carteira de motorista.
Vamos começar pelo que mais dói: o número de mortes por suspeita de consumo de metanol subiu para seis. Sim, seis vidas perdidas para uma substância que nem deveria estar no copo de ninguém. A situação é grave, dessas que dão calafrio. As vítimas consumiram uma bebida que, em vez de álcool etílico, continha metanol - um veneno disfarçado de diversão.
O perigo invisível nas bebidas
O metanol é traiçoeiro. Nos primeiros momentos, pode até dar aquela sensação de embriaguez comum. Mas depois... ah, depois é que o estrago aparece. Ele ataca o sistema nervoso, pode cegar e, nos casos mais extremos, leva à morte. E o pior: não tem como saber só pelo gosto se aquela cachaça ou vodka é legítima ou uma armadilha mortal.
As autoridades estão em alerta máximo, investigando a origem dessas bebidas adulteradas. Enquanto isso, a recomendação é óbvia mas precisa ser dita: desconfie de bebidas muito baratas, de procedência duvidosa. Sua vida vale mais que alguns reais economizados.
Mudança radical na forma de tirar CNH
Enquanto essa tragédia se desenrola, o presidente Lula assinou um decreto que vai dar o que falar. A partir de agora, acaba a obrigatoriedade da autoescola para quem quer tirar a primeira habilitação nas categorias A e B. A medida promete tornar o processo mais acessível - e mais barato.
Mas calma, não é como se qualquer um pudesse simplesmente pegar um carro e sair dirigindo por aí. O candidato ainda precisará:
- Passar por exames médicos e psicológicos
- Fazer o curso teórico (que pode ser online, inclusive)
- Ser aprovado nas provas teórica e prática
A grande diferença é que, para a parte prática, você não precisará mais frequentar aquelas aulas tradicionais na autoescola. Poderá ser ensinado por um instrutor particular credenciado, por exemplo. A economia promete ser significativa - sabe-se lá, talvez até pela metade do valor atual.
Duas realidades, um mesmo país
É curioso pensar como essas duas notícias, aparentemente desconexas, refletem nosso momento. De um lado, a urgência em combater um perigo invisível que mata silenciosamente. Do outro, a tentativa de modernizar e desburocratizar um processo que, convenhamos, estava mesmo precisando de uma atualização.
Enquanto as famílias das vítimas do metanol choram suas perdas, milhares de jovens comemoram a possibilidade de conseguir sua CNH sem ter que desembolsar uma pequena fortuna. A vida segue seus paradoxos, como sempre.
Resta torcer que as autoridades consigam rapidamente identificar e cortar pela raiz o comércio dessas bebidas adulteradas. E que a nova forma de tirar carteira não signifique, no futuro, mais riscos no trânsito. Porque no fim das contas, seja com metanol na bebida ou com motoristas inexperientes nas ruas, o que está em jogo são sempre vidas humanas.