
O corredor do hospital tinha aquela luz fria, artificial, que parece acompanhar momentos decisivos. E foi num desses corredores, mais precisamente no Hospital das Clínicas de São Paulo, que a história de Luiz Perillo chegou ao seu capítulo final na última segunda-feira. Tinha 58 anos — uma idade que hoje em dia muitos consideram cheia de potencial.
O transplante de fígado parecia ser a luz no fim do túnel. Uma esperança concreta, dessas que a medicina moderna nos oferece com frequência crescente. Mas o corpo humano, ah, o corpo humano tem suas próprias regras, suas próprias reações que nem sempre seguem os manuais.
As complicações pós-operatórias foram implacáveis. Uma infecção generalizada se instalou, e o organismo de Luiz, já fragilizado, não conseguiu reagir. É curioso como um procedimento que promete salvar pode, em alguns casos raros, levar a desfechos tão diferentes do esperado.
Uma esperança interrompida
Você já parou para pensar na coragem que um paciente precisa ter para encarar um transplante? Não é apenas uma cirurgia qualquer — é uma aposta alta na vida. Luiz fez essa aposta. Confiou na equipe médica, na tecnologia, no próprio desejo de viver.
O procedimento em si havia sido considerado bem-sucedido pelos médicos. Mas a medicina, por mais avançada que esteja, ainda lida com variáveis imprevisíveis. O pós-operatório é sempre um território de incertezas, um jogo de xadrez onde cada movimento precisa ser calculado com precisão milimétrica.
O peso do tempo de espera
Aqui está um detalhe que muita gente esquece: Luiz esperou. Esperou na fila do transplante como tantos outros brasileiros. Meses? Anos? O texto original não diz, mas sabemos que essa espera é um período de angústia profunda para pacientes e familiares.
Quando finalmente chegou a vez dele, a esperança renasceu. A família deve ter respirado aliviada, pensado que o pior havia passado. A vida prega essas peças — justo quando achamos que tudo vai melhorar, o destino nos surpreende com reviravoltas inesperadas.
O que isso nos diz sobre o sistema?
Casos como o de Luiz Perillo nos fazem refletir sobre várias questões:
- A complexidade dos transplantes no Brasil
- Os riscos que permanecem mesmo com tecnologia avançada
- A importância do acompanhamento pós-operatório
- O drama humano por trás de cada estatística médica
Não estou aqui para criticar o sistema de saúde — longe de mim. Os profissionais do Hospital das Clínicas são dedicados, competentes. Mas a verdade é que a medicina ainda não é uma ciência exata. E talvez nunca seja.
O legado de uma história
Luiz Perillo deixa para trás mais do que um registro médico. Deixa a lembrança de uma batalha travada com dignidade. Deixa a lição de que cada vida importa, cada história merece ser contada.
Enquanto escrevo estas linhas, não consigo evitar pensar na família dele. Na dor silenciosa de quem perdeu alguém após tanta esperança. São Paulo, essa cidade imensa e às vezes impessoal, perdeu mais um de seus habitantes — um que lutou até o fim pela chance de continuar caminhando por suas ruas.
A medicina seguirá avançando, os protocolos serão aprimorados, mas histórias como a de Luiz nos lembram do elemento humano que está no centro de tudo isso. Do frágil equilíbrio entre a vida e a morte, entre a esperança e a realidade.