
Setembro chegou ao fim, mas o legado verde permanece. Enquanto muita gente só pensa na primavera, o Hospital Regional de Santarém (HRST) mostrou que essa cor representa algo muito mais profundo: esperança de vida.
Durante a campanha Setembro Verde — aquela dedicada à conscientização sobre doação de órgãos — o HRST realizou algo que eu, particularmente, considero extraordinário. E não estou exagerando. Conseguir fazer uma captação de múltiplos órgãos aqui no oeste do Pará não é como trocar uma lâmpada, sabe? É um processo complexo que envolve uma verdadeira orquestra de profissionais.
O que realmente aconteceu por trás das portas do hospital
Parece simples quando lemos a notícia, mas a realidade é bem diferente. A equipe de transplantes do HRST trabalhou praticamente no modo "silencioso", sem alarde. Fizeram a captação de fígado e dois rins de um único doador. Dois rins, gente! Isso significa duas vidas completamente transformadas.
O processo começou com a notificação da Central de Transplantes do Estado — o Pará tem uma estrutura organizada, sim — e a confirmação da morte encefálica. A partir daí, o relógio começou a correr. As equipes se mobilizaram como se estivessem numa missão contra o tempo, porque literalmente estavam.
O verdadeiro significado por trás dos números
Você já parou para pensar no que significa "captação de múltiplos órgãos"? Não são apenas termos médicos. São histórias de pessoas que podem voltar a viver normalmente. Pense no pai de família que não precisa mais fazer hemodiálise três vezes por semana. Imagine a mãe que recebe um fígado e pode ver os filhos crescerem.
O mais impressionante? Tudo isso acontecendo aqui mesmo, em Santarém, sem precisar mandar pacientes para Belém ou outros centros maiores. É a saúde pública mostrando sua força — e olha que eu nem sou tão otimista normalmente.
Como uma decisão pessoal vira um ato coletivo
Aqui vai algo que mexe comigo: a doação só acontece porque alguém, em algum momento, tomou uma decisão difícil. Seja a própria pessoa em vida, seja a família num momento de dor profunda. E essa decisão — que parece tão individual — tem o poder de criar um efeito cascata que beneficia dezenas de pessoas.
Os órgãos captados no HRST foram distribuídos através do Sistema Nacional de Transplantes. Funciona assim: há uma lista única, criteriosa, que prioriza quem mais precisa. Não tem "jeitinho", não tem favorecimento. É a saúde funcionando como deveria ser sempre.
E sabe o que é mais bonito? Enquanto os órgãos viajavam para seus destinatários, as equipes do hospital já estavam se preparando para a próxima possibilidade. Porque a espera não para. A fila de transplantes no Brasil ainda é longa, mas cada ação como essa encurta o caminho.
O que isso significa para nós, aqui do Pará?
Às vezes temos a impressão de que tudo de importante acontece no Sudeste, não é? Mas essa captação no HRST mostra outra realidade. Mostra que temos capacidade técnica, estrutura e — principalmente — compromisso com a vida aqui mesmo na nossa região.
O hospital se consolidou como referência em média e alta complexidade no oeste do Pará. E isso não é pouco, considerando as distâncias e desafios logísticos da Amazônia. É preciso reconhecer quando as coisas funcionam — e nesse caso, funcionaram muito bem.
Para quem duvida do sistema público de saúde, histórias como essa servem como um lembrete poderoso: a máquina pode ser lenta, pode ter defeitos, mas quando funciona, salva vidas. De verdade.
Agora, com Outubro chegando, a cor muda, mas a necessidade permanece. A doação de órgãos não deveria ser um assunto só de um mês, concorda? Deveria ser uma conversa constante, familiar, que a gente tem com pais, filhos, amigos. Porque no final das contas, é sobre isso: a possibilidade de dar continuidade à vida, mesmo quando tudo parece ter acabado.