
Imagine a cena: profissionais de saúde correndo contra o tempo, com as torneiras secas e a preocupação estampada no rosto. Foi exatamente isso que aconteceu no Hospital Municipal Raul Sertã, em Nova Friburgo, durante mais de doze longas horas. Uma verdadeira saga por gotas d'água.
A coisa começou a ficar feia por volta das 19h de domingo — sim, domingo à noite, quando tudo parece pior — e se arrastou pela madrugada adentro. Sabe aquele silêncio angustiante de quando algo essencial simplesmente desaparece? Pois é.
Setores críticos em apuros
Não foi apenas um inconveniente. Setores que dependem vitalmente de água, como a limpeza e a esterilização de materiais, ficaram completamente vulneráveis. A unidade de hemodiálise, que atende pacientes renais crônicos, precisou ser transferida às pressas para outras unidades. Uma operação de guerra, na calada da noite.
"A gente se vira como pode, mas há limites", comenta uma funcionária que preferiu não se identificar. "Água não é luxo, é necessidade básica. Sem ela, a saúde fica comprometida."
Água voltou, mas o problema persiste
Por volta das 7h30 desta segunda-feira, a água finalmente decidiu voltar — ainda bem! Mas ninguém está celebrando. O abastecimento segue instável, oscilando entre fraca e nenhuma pressão. Uma situação de "fio desencapado", como diria meu avô.
O pior? A prefeitura local, através de sua concessionária de água, emitiu um comunicado seco afirmando que não havia previsão oficial de interrupção. Algo deu muito errado na linha de abastecimento que serve a Rua Antonio Maria Teixeira, e ninguém parece ter uma explicação convincente.
O que dizem as autoridades?
Procurada, a prefeitura de Nova Friburgo emitiu uma nota afirmando que "trabalha para normalizar o abastecimento o mais rápido possível". Mas, entre nós, quantas vezes já ouvimos isso? A população, é claro, está cansada de promessas vazias — literalmente.
Enquanto isso, dentro do Raul Sertã, a equipe médica e de enfermagem segue num verdadeiro cabo de guerra contra as circunstâncias. Pacientes estáveis, felizmente, mas a tensão é palpável. Uma funcionária me confessou, com a voz embargada: "É desumano trabalhar sob este stress. Temos que priorizar o essencial, mas tudo é essencial num hospital."
E assim segue mais um dia na saúde pública brasileira: uma mistura de resiliência, improviso e uma pitada de sorte. Que a água não nos falte — nem hoje, nem nunca.