Samu Indígena: Dourados inaugura primeiro serviço de emergência bilíngue em Guarani e Português
Dourados tem 1º Samu Indígena com atendimento em Guarani

Imagine ligar para o 192 em pânico e não conseguir se comunicar. Agora multiplique isso por séculos de marginalização linguística. Pois é, amigos, Dourados acabou de virar esse jogo com uma iniciativa que deveria ser óbvia, mas que só agora – em 2025 – se tornou realidade.

O primeiro Samu Indígena do país está operando na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, e olha só a revolução: as chamadas de emergência são atendidas em guarani e português. Não é pouca coisa – estamos falando de quebrar uma barreira que, convenhamos, já devia ter caído faz tempo.

Por que isso muda tudo?

Na região de Dourados, onde vivem cerca de 20 mil indígenas (a maior população urbana do país, sabia?), o guarani não é só uma língua alternativa. Pra muita gente, é a única forma de expressão. E quando o assunto é saúde emergencial, cada segundo conta – principalmente quando se perde tempo tentando decifrar sintomas em uma língua que o paciente não domina.

"Já vi idosos desistirem de chamar ajuda por medo de não serem entendidos", comenta uma agente de saúde local, pedindo para não ser identificada. Triste, não? Mas agora a coisa mudou de figura.

Como funciona na prática?

  • Equipe treinada especificamente para o atendimento intercultural
  • Sinalização diferenciada nas ambulâncias com símbolos indígenas
  • Protocolos adaptados às particularidades da medicina tradicional guarani

Não é só traduzir palavras, viu? É entender que um "xeramoi" (avô) pode descrever sua dor de um jeito completamente diferente. Ou que certos remédios ocidentais podem entrar em conflito com tratamentos tradicionais.

Ah, e pra quem acha que é "mimimi": estudos mostram que pacientes indígenas atendidos em sua língua materna têm 40% mais chances de seguir corretamente o tratamento. Números não mentem.

O caminho até aqui

Demorou, mas a semente foi plantada. A iniciativa partiu de uma parceria entre a prefeitura, lideranças da Reserva Indígena de Dourados e o Ministério da Saúde. Dois anos de reuniões, ajustes e – vamos combinar – muita burocracia depois, o serviço finalmente saiu do papel.

"É como se finalmente alguém tivesse nos ouvido", emociona-se um dos caciques envolvidos no projeto. E olha que eles tentavam há pelo menos uma década...

Pra semana que vem já está marcado o primeiro treinamento de novos atendentes – todos fluentes em guarani e com noções básicas de primeiros socorros. A meta? Ampliar o serviço para outras cidades com grandes populações indígenas. Quem sabe daqui a alguns anos isso vire padrão nacional, né?

Enquanto isso, em Dourados, os telefones do 192 indígena já começaram a tocar. E dessa vez, do outro lado da linha, ninguém precisa fingir que entende quando não entende.