São Tomé das Letras: 13 turistas intoxicados por doces com drogas em 2025
Doces com drogas intoxicam 13 turistas em São Tomé das Letras

A cidade de São Tomé das Letras, em Minas Gerais, foi palco de uma mobilização intensa ao longo de 2025 devido à venda e consumo de alimentos conhecidos como "brisadeiros", "doces mágicos" ou "brigaconha". A prefeitura municipal emitiu alertas sobre os graves riscos que esses produtos, que podem conter substâncias ilícitas, representam para a saúde dos turistas.

Alerta sanitário e casos de intoxicação

O alerta das autoridades começou em março de 2025, após a prefeitura divulgar um comunicado oficial nas redes sociais. O objetivo era orientar os visitantes a não consumirem esses doces e salgados de procedência duvidosa. A administração municipal informou que, apenas nos dois primeiros meses do ano, 13 turistas precisaram de atendimento médico após ingerir os produtos.

Entre os sintomas relatados estavam alucinações, vômitos, diarreia, náusea, mal-estar, boca seca, palpitações e desconforto no peito. Segundo a prefeitura, os alimentos eram vendidos sem autorização e sua procedência não era garantida. Especialistas alertaram que, além de cannabis, os produtos poderiam conter drogas sintéticas, cogumelos alucinógenos, medicamentos controlados e até substâncias tóxicas como amônia.

Riscos à saúde e operação policial

O psiquiatra Frederico Garcia explicou ao g1 que o consumo de substâncias alucinógenas em alimentos prolonga os efeitos e os perigos, pois a absorção pelo organismo é mais lenta. Essas drogas atuam no sistema nervoso central, podendo causar desde alucinações e delírios até desencadear quadros psiquiátricos como esquizofrenia em pessoas predispostas. Em casos extremos, podem levar à morte por condições como a síndrome serotoninérgica.

Duas semanas após o alerta inicial, ainda em março, a Polícia Militar deflagrou a Operação "Fake". Durante a ação, foram apreendidas quase 400 unidades de produtos suspeitos, incluindo "brisadeiros", brownies e cookies "mágicos", cogumelos e palhas italianas com cannabis. Dez pessoas (oito homens e duas mulheres) foram detidas para prestar esclarecimentos e, posteriormente, liberadas. O material foi encaminhado para a delegacia de Três Corações, e um inquérito policial foi instaurado.

Conscientização e impacto na cidade

Três meses após o início da campanha de conscientização, a coordenadora das Vigilâncias Sanitária e de Saúde, Thayná Brito, relatou que não houve novos atendimentos médicos relacionados aos doces. Nascida em São Tomé das Letras, a farmacêutica destacou que o propósito principal da campanha foi o impacto na saúde pública e o combate à visibilidade negativa que o tema trouxe para a cidade.

"O propósito principal dessa campanha foi por conta do impacto na saúde. Eu sou nativa, cresci em São Tomé... e, de repente, tudo isso tomou uma proporção onde São Tomé ganhou uma visibilidade gigantesca por conta da venda desses produtos", afirmou Thayná. A Vigilância Sanitária ressaltou que, por se tratar de alimentos artesanais de livre comércio, a atuação ocorre principalmente por meio de orientação e denúncias, com o apoio da Polícia Militar quando há indícios de ilegalidade.